“fazermos isto na Póvoa é um atrevimento à altura de um grande desafio”

José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal

Há 11 anos que a UTOPIA acontece na Póvoa de Varzim. Que o público, atento e participativo, enche salas para ouvir falar de literatura. Para dar a voz aos livros.

Há 11 anos que alunos das escolas básicas e secundárias do concelho se deixam seduzir pelas magias das palavras.

Há 11 anos que o sonho vai crescendo e preenchendo o vazio de corações à escuta de ilusão e de verdade.

Há 11 anos que o Correntes d’ Escritas cria, forma e fideliza  público, apostando na educação dos mais jovens.

Celebramos 10 anos em 2009. Estamos a preparar a 11ª. Edição, que se realizará entre 24 e 27 de Fevereiro de 2010, com mais de 60 escritores convidados e algumas novidades.


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Em 10 anos criámos expectativas, abrimos espaços de diálogo, incentivámos à leitura, promovemos os livros e a literatura, formámos leitores.

Os números do Correntes d’ Escritas – 10 anos depois

Recordo apenas que, em 2000, tivemos 23 autores convidados, realizamos 5 mesas e 7 sessões em escolas e colégios.

Em 2009, realizamos 10 mesas + 2 em Lisboa, tivemos 130 autores convidados, realizamos 25 sessões em escolas e colégios.

Em 2000, cerca de 60 – 70 pessoas assistiam a cada sessão.

Em 2009, mais de 350 pessoas, sentadas no chão e nas escadas, ultrapassando largamente a lotação do Auditório, assistiram a cada mesa.

publico


Em 10 anos:

Mais de três centenas – 300 – de escritores passaram pela Póvoa de Varzim, para além de editores, críticos, agentes literários (mais de 50), jornalistas, professores e, claro está, leitores. Muitos.

Cerca de 35 000 pessoas passaram pelas várias acções que constituíam o Programa do Correntes: conferências, mesas redondas, lançamentos de livros, sessões de poesia, teatro, cinema, encontros de escritores com estudantes.

Realizaram-se 95 mesas redondas e 97 sessões com jovens estudantes.

Lançaram-se 212 novos livros e fizeram-se 30 sessões de poesia.

Organizaram-se 9 exposições e 6 Catálogos.

Apresentaram-se 18 espectáculos de Teatro e 34 sessões de cinema/documentários/vídeo.

Foram criados 3 Prémios Literários:

            1 – Prémio Literário Casino da Póvoa para prosa (anos pares) e poesia (anos ímpares) – 20 000,00 euros – criado em 2003. Foram atribuídos 6 prémios: O Vento Assobiando nas Gruas, de Lídia Jorge (2004), Duende, de António Franco Alexandre (2005), A Sombra do Vento, de Carlos Ruíz Zafón (2006), A Génese do Amor, de Ana Luísa Amaral (2007),  desmedida, luanda – s. paulo – s. francisco e volta, de Ruy Duarte de Carvalho (2008) e A Moeda do Tempo, de Gastão Cruz (2009);


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Lídia Jorge Ana Luísa Amaral
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Ruy Duarte de Carvalho  Gastão Cruz


O Prémio Literário Casino da Póvoa é o único Prémio de cariz internacional, que, em Portugal, ultrapassa as fronteiras da Língua Portuguesa.

Para a atribuição de 2010 são finalistas as seguintes obras:

A Eternidade e o Desejo, Inês Pedrosa

A Mão Esquerda de Deus, Pedro Almeida Vieira                        

A Sala Magenta, Mário de Carvalho

Myra, Maria Velho da Costa

O apocalipse dos trabalhadores, valter hugo mãe
O Cónego, A. M. Pires Cabral

O Mundo, Juan José Millás

O verão selvagem dos teus olhos, Ana Teresa Pereira
Rakushisha, Adriana Lisboa
Três Lindas Cubanas, de Gonzalo Celorio

            2 – Prémio Literário Correntes d’ Escritas Papelaria Locus (conto – anos pares –  e poesia – anos ímpares -, para jovens entre os 15 e os 18 jovens) – 1000,00 euros, criado em 2004. Foram atribuídos 5 prémios.

entrega de prémio      premio_mickaelima    

Sara Costa Nuno Atalaia
 vencedor papelaria locus Vanessa Bessa_jcg
Maria Beatriz F. Moura Soares Vanessa Bessa


3 – Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’ Escritas Porto Editora, criado em 2009, para alunos do 4º. ano do ensino básico do 1º. Ciclo. 1000,00 para 1º. Classificado; 500 para o 2º. e 250 para o 3º.

Foram publicadas 8 edições da Revista de Cultura Literária Correntes d’ Escritas, constituída por três partes fundamentais, uma com contos inéditos de vários escritores presentes nas edições do evento, outra dedicada à poesia e outra ainda dedicada a escritores em particular. Sebastião Alba, Sophia de Mello Breyner Andresen e Alexandre Pinheiro Torres, Herberto Hélder, Mário de Cesariny, Lídia Jorge e Eduardo Prado Coelho foram os homenageados até ao momento. A edição de 2009 foi inteiramente dedicada ao 10º. Aniversário do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica Correntes d’ Escritas. Em 2010 a escritora Agustina Bessa-Luís será a grande distinguida.

Foram realizadas 6 conferências de Abertura – a partir de 2004 – com a presença de Eduardo Lourenço (O Lugar da Literatura no Século XXI), Agustina Bessa-Luís (As Minhas Memórias de Infância na Póvoa), Eduardo Prado Coelho (Alguém move o Mar), Nélida Piñon (A Memória Secreta da Mulher), Marcelo Rebelo de Sousa (A Importância dos Livros) e José António Pinto Ribeiro (Participação dos cidadãos na valorização da Língua e da Escrita).

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 Eduardo Lourenço

Agustina Bessa-Luís Eduardo Prado Coelho
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Nélida Piñon Marcelo Rebelo de Sousa  José António Pinto Ribeiro


A História do Correntes

Depois do sucesso da 1ª. edição realizada em Fevereiro de 2000 na Póvoa de Varzim, ano em que se assinalou o Centenário da Morte de Eça de Queirós, nosso Ilustre conterrâneo e vulto inquestionável da Literatura Portuguesa, não poderia a Câmara Municipal, promotora do evento, deixar de pensar, desde logo, na sua continuidade, mantendo como tema fundamental o mar, que se vê destas duas línguas, o português e o espanhol.

Não é só a língua que une os escritores dos países participantes. É também esse mar que, mal saíram as caravelas deste espaço mítico, se transformou numa grande estrada cultural.

Após esse tempo de achamentos essa ligação foi crescendo e foi-se reforçando tendo permitido à Póvoa de Varzim afirmar-se como espaço de encontros, reencontros e até “novo achamento”, como preferem chamar-lhe alguns dos escritores.

Divulgar o livro e a leitura, num país em que, afinal, ainda se lê tão pouco, de acordo com as estatísticas, foram, são e serão os nossos principais objectivos, sem pretensiosismos. Por isso, para além do público que simplesmente gosta de ler, os alunos do ensino Básico e Secundário, são em grande parte o público alvo desta acção, não só pelos contactos estabelecidos directamente entre escritores e estudantes, no seu estabelecimento de ensino, mas também indirectamente através dos professores que participam no Fórum.

Desde 2000 que durante quatro dias de Fevereiro a Póvoa se transforma em Porto de Abrigo de poetas, ficcionistas, contistas, críticos e agentes literários, professores, editores, jornalistas, ou tão simplesmente de leitores.

Por sabermos quão importantes são os contactos directos com os autores para o estudo das obras e da literatura, continuaremos a dar uma grande importância às conversas estudantes-escritores.

Nos últimos dez anos passaram pela Póvoa de Varzim, mais de três centenas de escritores dos vários espaços ibéricos, das diferentes “iberofonias”. Desde então, no pós e entre Correntes, muitos escritores do espaço ibérico têm incluído a Póvoa de Varzim no seu roteiro de apresentação e lançamento de Livros.

Os escritores e os poetas sentiram-se e sentir-se-ão sempre, estamos certos, na Póvoa como em casa, e deixaram e deixarão saudades nos poveiros  e em todos os que se dirigiram e dirigirão à cidade para participarem destas Correntes d’ Escritas, de emoções, de afectos, de sensações, de pessoas sensíveis, acessíveis, disponíveis…

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Em 2002 foi lançado o primeiro número da Revista Correntes d’ Escritas e em 2003 foi criado o Prémio Literário Correntes d’ Escritas Casino da Póvoa, cuja primeira edição foi entregue em 2004, ano em que foi criado o Prémio Literário Correntes d’ Escritas / Papelaria Locus, possível  pela cooperação com um dos livreiros locais. Já em 2009, em parceria com a Porto Editora foi instituído o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’ Escritas Porto Editora, destinado a trabalhos colectivos realizados por alunos do 4º. ano do 1º. Ciclo do Ensino Básico.

Ainda em 2004 deu-se início a um novo ciclo que viria a enriquecer o encontro, ao ter sido convidado o pensador português Eduardo Lourenço para fazer uma Conferência de Abertura. Mais de 300 pessoas se juntaram num Auditório completamente cheio para ouvir um dos maiores teóricos da Literatura Portuguesa dissertar sobre O Livro.

Para além disso, há a considerar que se realizam todos os anos outras acções – iniciativas paralelas – em colaboração com o Cineclube Octopus e com o Varazim Teatro.

Todos os anos o evento vai crescendo desta forma organizada e pensada. Ora com a Revista, ora com um Prémio, ora com outro Prémio, ora com as conferências, ora com Exposições: Pintura de João Morando ou Malangatana, Fotografias de Rui Sousa, Daniel Mordzinski, Luís de Almeida ou Simion Cristea, Escultura de Rui Anahory.

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Ainda em 2007 e como forma de alargar o evento a outras áreas, a relação da literatura com o cinema, a música, o teatro ou as artes plásticas trouxeram à Póvoa de Varzim um leque mais variado de público e participantes, entre eles os realizadores Fernando Lopes e Marco Martins, os actores/encenadores Maria do Céu Guerra e José Leitão, os músicos Vitorino, Sérgio Godinho ou Manuel Freire, o designer Henrique Cayatte ou os artistas plásticos José Rodrigues e Zulmiro de Carvalho.

Em 2008 Carlos do Carmo e Manuela Azevedo foram os cantores convidados para a mesa “Dar a Palavra à Voz”.

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Malangatana Enrique Vila-Matas

Para 2009, novas estratégias se definiram, sempre com o objectivo de divulgar o livro e a leitura, a arte e a cultura, para festejar o 10º. Aniversário do maior evento literário português e um dos maiores encontros Escritores de Literatura de Expressão Ibérica. Em 2009 reuniram-se na Póvoa de Varzim mais de 200 escritores, poetas, editores, agentes literários, jornalistas e muito, muito público, muitos, muitos leitores. Mais de 9000 pessoas participaram nas diferentes sessões.

Todos estes elementos foram estruturados tendo em conta a necessidade de inovação, de renovação e sustentabilidade de um evento deste género. Para isso, muitos outros pormenores foram sendo tidos em conta, por forma a fazer do Correntes d’ Escritas uma Festa ou um Festival de Literatura, onde o público se sinta confortável e à vontade. Onde sinta que tem a mesma importância que o escritor, onde ambos possam desfrutar dos mesmos espaços, da e com a mesma informalidade.

A estratégia tem resultado, já que, de ano para ano se tem notado um acréscimo de público e que todos, organização, público, comunicação social e participantes se têm tornado cúmplices do encontro. Tomaram-no como seu e protegem-no.

As pessoas da Póvoa assumiram o Correntes como fazendo parte de uma das mais-valias da cidade. Aceitaram o projecto, identificam-se com ele.

Os que visitam a Póvoa assumem que “uma vez participado nos parece afirmado, sem pestanejo, que estaremos sempre lá, em toda a edição que houver”, conforme afirma Mia Couto.

Na edição de 2006 um novo elemento contribuiu, mais uma vez, para o crescimento do encontro e para a sua permanente renovação de forma dinâmica, por forma a chamar novos públicos fidelizando os anteriores: a criação da imagem gráfica do evento. Sete anos depois de o nome se ter imposto, Correntes d’ Escritas ganhou autonomia e criou uma imagem de marca própria que acompanhará todas as campanhas de divulgação e publicitação. Na edição de 2009, data do 10º. Aniversário, a imagem passou por uma renovação, inspirada no “original impresso”, criada pelo designer gráfico Henrique Cayatte.

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O que dizem do Correntes

Mia Couto considera que “somos nós as tais Correntes.”

Para Onésimo Teotónio Almeida “Com o que nos cai de más notícias a azedar o café cada manhã, quem não prefere deixar-se acorrentar a versos fraternos na brisa suave dos mares da Póvoa?”

Segundo Rui Zink Correntes d’ Escritas tornaram-se “património cultural vivo da península ibérica”.

“Uma improbabilidade, um verdadeiro milagre”, na opinião de  Hélia Correia ou “um exemplo de persistência que tem faltado na política cultural do país”, no entender de Inês Pedrosa.

Lídia Jorge considera que “aquilo que faz a singularidade destes encontros em Póvoa de Varzim é acima de tudo o modo singular como as Correntes se processam, o ritmo que os seus organizadores lhe imprimem, com a noção do que é literário. (…) Talvez esse seja o segredo do êxito. A certeza de que em chegando Fevereiro, numa cidade portuguesa à beira do Atlântico, pelo menos durante uma semana, um pedaço de Utopia é possível.”

Eduardo Prado Coelho afirma que iniciativas como Correntes d’ Escritas “entraram já no calendário obrigatório.”

Para José Carlos de Vasconcelos, director do Jornal de Letras, “As Correntes Poveiras” afirmaram-se “em definitivo, como um singular acontecimento cultural” e tornaram-se “no mais importante, e decerto interessante, encontro literário realizado em Portugal; ou mesmo em qualquer parte do mundo”.

De acordo com Francisco Bélard, do jornal Expresso, “a organização foi impecável” e”irrepreensível”, nas palavras do professor universitário Eugénio Lisboa.

Na opinião de Carlos Câmara Leme, do jornal Público, “há uma pequena cidade atlântica de Portugal que está a pregar uma imensa partida ao genial poeta do século XX português [Fernando Pessoa]: a Póvoa de Varzim, com o seu ‘Correntes d’ Escritas”.

Segundo João Morales, da Revista Os Meus Livros, “ os dez anos das Correntes d’ Escritas são a prova de que é possível: conviver, organizar, divertir-se com os livros, não ser emproado, criar leitores, não ser elitista, etc, etc, etc.”

Francisco Mangas acha que “o evento é a prova, afinal, de que as palavras não são pátria de ninguém”.

Inês Pedrosa aponta a “atenção aos pormenores” que faz com que o convidado se sinta, simultaneamente, “acolhido e livre”.

No entender de  Hélia Correia, “uma improbabilidade. Um verdadeiro milagre”.

Correntes d’ Escritas constitui e constituirá, estamos certos, um passo importante na construção de um novo marco na Literatura Portuguesa e na Literatura de Expressão Ibérica e marca, sem dúvida, como o afirmaram peremptoriamente os editores presentes, a rentrée literária em Portugal.

Correntes d’ Escritas servirá também, num futuro próximo, como um veículo importante na divulgação da Literatura dos escritores de expressão ibérica – muitos contactos têm sido efectuados entre os escritores eles próprios; algumas traduções de escritores portugueses estão a ser realizadas em países de expressão espanhola, na sequência de tais contactos e vice-versa.

CORRENTES D’ ESCRITAS é, pois, espaço de DIÁLOGO entre ESCRITAS e ESCRITORES.

 A inteligência do projecto, o nível dos convidados envolvidos, a subtileza dos temas escolhidos, a pontualidade das várias acções, a abrangência das actividades, a qualidade das sessões, a magia dos momentos de convívio, as cumplicidades e afectos gerados, aliados à hospitalidade da Póvoa, fazem deste um Festival único, singular, exclusivo.

Contactos:

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