Com o arranque do Correntes d’Escritas, abrem ao público, quatro exposições em diferentes locais: Museu Municipal, Cine-Teatro Garrett, Biblioteca Municipal e Posto de Turismo.

No Museu Municipal estará patente a exposição “Fragmentos – algumas obras na coleção de Serralves”, de Fernando Lanhas.

Fernando Lanhas (Porto, 1923—2012) sempre quis compreender a geometria do mundo. A sua formação académica contribuiu tanto para esse objetivo como o ser pintor, desenhador, arqueólogo, paleontólogo, astrónomo, etnólogo e poeta. A sua obra pictórica, que deve ajudar a compreender como pode a pintura concorrer para o conhecimento do mundo, não pode, como veremos, ser separada das muitas outras atividades que o ocuparam durante mais de 50 anos. 

Enquanto pintor, Fernando Lanhas ocupa um lugar destacado na história da arte portuguesa, sendo apontado como pioneiro do abstracionismo geométrico. 

Fernando Lanhas aproxima os mundos tradicionalmente afastados das ciências e das artes. Para ele, ambos se podem socorrer de ferramentas similares na sua interrogação do Cosmos.

A presente exposição propicia uma ocasião única para a compreensão das compatíveis diversidade e coerência da sua obra.

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O Cine-Teatro Garrett vai acolher a exposição “Os sargaceiros de Aver-o-Mar e o olhar clínico de Amaral Bernardo”, que apresenta fotografias de 1984/1985.

Nascido em Esmolfe (Viseu), foi em África que Amaral Bernardo foi criado e se apaixonou pela fotografia, picado pela necessidade de fixar pelos sais de prata a fulgurante luz africana. O bichinho fotográfico acompanhou-o toda a vida e nem o empenho profissional como médico internista e, mais tarde, como Chefe de Serviço de Medicina Interna e catedrático convidado jubilado da Universidade do Porto, diminuíram a sua inclinação para a arte de Niépce.

Entre os finais da década de setenta do século passado e o dealbar do novo milénio, Amaral Bernardo demandou, por razões afectivas e familiares, terras de Aver-o-Mar. Por aí foi fixando, em muitas dezenas de rolos de 24×36 mm e em algumas películas de médio formato, cenas da vida e do trabalho dos sargaceiros, com toda a parafernália de instrumentos e de bestas que ajudavam à dureza da função de arrancar das águas o sargaço (ou argaço, ou algaço…).

Foi dessas muitas centenas de registos que se selecionaram as que aqui se apresentam sobre a apanha do sargaço em Aver-o-Mar e que se espera funcionem como fermento de palavras.

José Amaral

 

“Até ao Grito” é o título da exposição de Isabel Lhano que estará patente na Biblioteca Municipal.

Isabel Lhano é natural de Vila do Conde. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto. Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian nos anos 1971 e 1972. Autora do Projecto Mom’arte, co-responsável pela organização e membro do júri de seleção e premiação – Convento do Carmo Vila do Conde, 1998. Autora do projeto e design da edição Homenagem a Sónia Delaunay – CM Vila do Conde. Responsável em 1992 pela programação e direção artística da Galeria do Auditório Municipal de Vila do Conde. Diretora Artística da Galeria Delaunay, Vila do Conde, de 1996 a 1999. 1º Prémio do Concurso Gráfico da Sarrió, com o catálogo Acto do Corpo, na SNBA. Edição de serigrafia pelo Centro Português de Serigrafia, Lisboa, 1999. Representada no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, no Museu de Arte Contemporânea de VN de Cerveira e por aquisição na Delegação Norte do Ministério da Cultura e na Fundação Eng. António Almeida, Porto. Edição em 2000 de serigrafia, a convite da Delegação Norte do Ministério da Cultura. Autora das capas de livros de vários autores Portugueses, como: Valter Hugo Mãe, João Rios, Rita Ferro Rodrigues, Daniel Maia Pinto. Em 2004 participou no livro de aniversário da quasi editora Afectos e outros afectos com prefácio de Mário Soares. Prémio Erótika 2009 – Bienal de Arte Erótica de Gondomar.

Gritos IsabelLhano foto créditos Rita Rocha

©Rita Rocha

 

O Posto de Turismo irá receber a exposição “Expressões Coloridas” de Madalena Pinheiro.

Maria Madalena Rodrigues Pinheiro nasceu em Guimarães. É licenciada em Filologia Românica, pela Universidade do Porto.

A artista revelou que «a arte, no seu âmbito geral, seduziu-me e acompanhou-me ao longo da vida. A literatura, pela escolha académica que enveredei, a pintura pela curiosidade da descoberta. Pintar é expressar as minhas emoções, a forma como vejo, sinto e interligo o mundo. Assim, o pensamento materializa-se na tela e nela convergem sinestesias da linguagem pictórica. O olhar interior distende-se e revela a alma das coisas. É a procura íntima das formas e das cores que me motiva a viver e a percorrer este caminho de paixão e de afeto.

A pintura dos expressionistas foi aquela que mais me tocou e motivou a viver e a percorrer este caminho de paixão. Num olhar atento ao meu tempo, e também como uma cidadã do mundo que sou, não me alieno do que nos cerca, o que me levou à escolha da temática das minhas obras “Expressões Coloridas” que foram apresentadas em vários locais. E isto é que resulta apesar do universo se tornar cada vez mais globalizante e assistirmos à perda do que existe de mais genuíno, singular e específico de cada país, de cada civilização, de cada indivíduo. Logo, penso que um ténue movimento, uma cor, marcam uma realidade anunciada, por vezes adormecida, indiferente, mas permitirá a todo aquele que observa, recriar à sua medida as linhas combinatórias que o conduzirão à realidade que melhor lhe aprouver. É neste sentido que a minha mensagem, apesar de ser apresentada sob uma forma pueril, ela é sem dúvida galvanizante.

Cabe-me pois, como pintora, tocar a sensibilidade e perdurá-la no espírito de cada observador, de modo a repercuti-la continuamente em “Expressões Coloridas”».     

Obra Madalena Pinheiro