Passados cem anos da eclosão da Primeira Guerra Mundial (Grande Guerra, como ficou mais conhecida) José Valle de Figueiredo, Comissário Geral da Exposição, pretende assinalar que o acontecimento também teve registo na Literatura e nas Artes, como já havia sucedido com as Invasões Francesas.

O Comissário da Exposição constatou que “teve cá dentro, em Portugal, como teve lá fora, onde se multiplicaram os testemunhos não só literários – com grandes obras da literatura mundial, como “A Oeste Nada de Novo”, de Erich Maria Remarque, ”Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, “Tempestades de Aço”, de Ernst Jünger,“Dr. Jivago”, de Boris Pasternak – mas também no Cinema, na Pintura, na Música, nas Artes em geral, contribuindo para abrir as portas à Modernidade.

Em Portugal são várias as obras a assinalar, escritas, desde logo, por autores que, eles próprios foram também combatentes, como Augusto Casimiro, Jaime Cortesão, André Brun, Pina de Morais, António de Cértima, Carlos Selvagem, entre os que mais se destacaram. De Hernâni Cidade – que viria a ser um dos maiores Historiadores da Literatura Portuguesa – regista-se um completamente esquecido poema, inserido no “Arquivo Poético da Grande Guerra”, de Almeida Russo, dando-nos a conhecer uma dimensão literária que não costuma assinalar-se na sua bibliografia. Afonso Lopes Vieira, António Sardinha, Visconde de Vila Moura, António Botto, João de Barros, João Grave, Tomás da Fonseca, são nomes grandes da Literatura nacional, que também trataram a Grande Guerra, celebrando os feitos portugueses e honrando a Pátria em que nasceram. Autores há, ainda, que têm obras, igualmente dedicadas ao grande conflito mas que estão hoje muito esquecidos, avultando os que escreveram poemas e, até, compuseram letras para canções, como o celebrado “Fado das Trincheiras”, tão popularizado pelo grande Fernando Farinha, pertencente à opereta “João Ratão” (1920), de João Bastos, Ernesto Rodrigues e Félix Bermudes – a célebre” Parceria”- que inspirou o famoso filme do mesmo nome, de Jorge Brum do Canto, com António Silva, Costinha e Santos Carvalho (1940). Militares, alguns deles – como José Rosado, Silva Neves ou o algarvio Mateus Moreno, por exemplo – souberam aliar a condição de Combatentes à de cultores das Letras. Servirá a iniciativa desta exposição para suscitar o levantamento das suas contribuições para a Literatura Portuguesa”.

Refere-se ainda ao contributo do jornalismo português para a memória da Guerra.