Frente a frente estiveram os jovens alunos do Colégio das Terras de Sta. Maria (de Santa Maria da Feira) e duas renomadas escritoras de livros para crianças, Adélia Carvalho e Raquel Patriarca, para uma sessão de perguntas e respostas.

Sempre com a curiosidade natural nos mais pequenos, as crianças questionaram as autoras sobre a arte da sua escrita, como descobriram a sua vocação, quais as suas obras prediletas, quais as maiores dificuldades no trabalho que fazem, entre muitas outras perguntas.

Adélia Carvalho, que se referiu à plateia como “jovens super-heróis”, começou por ler uma pequena passagem do Livro dos Medos, entre muitas gargalhadas dos mais novos.

Quando questionada sobre o livro que lhe deu mais prazer escrever, Adélia Carvalho respondeu o Livro dos Medos, porque visa ajudar “muitos meninos e meninas a ultrapassarem os seus terrores”. A autora explicou que escrever sobre a dor é necessário e que o medo “pode ser muito amigo” para evitar acidentes, dando o exemplo do filme “Divertida-mente”, cuja história comprova que é impossível viver-se só com um estado, mesmo que esse seja a alegria.

Relativamente às suas inspirações, Adélia Carvalho apontou “todos os livros que já li e todas as pessoas e escritores que admirava e admiro”, referindo-se à obra Guardador de Vacas e Sonhos de Alves Redol como o seu livro de predileção. “É uma boa forma de vocês procurarem essa obra e pesquisarem mais sobre quem foi Alves Redol”, afirmou.

“As ideias vêm ter connosco. Temos de ter os olhos sempre bem abertos, porque quanto mais atentos estamos, mais ideias temos”, afiançou, aproveitando para dar o exemplo recente de uma menina à janela que dizia olá a toda a gente e que lhe deu uma ideia para um novo livro.

Raquel Patriarca optou por ler uma divertida passagem do poema História Antiga feita hoje, antes de responder às perguntas da curiosa plateia.

“Somos inspirados pelas pessoas que conhecemos, bem como pelas pessoas que não conhecemos, mas há sempre um momento que fica como marco de início como escritor”, confirmou a autora que se lembra com exatidão de quando se sentiu verdadeiramente escritora: “foi num trabalho de escola, no 6º ano, em que tivemos de escrever um poema sobre a nossa casa. Ora, a minha casa não tinha piada nenhuma, portanto decidi escrever sobre outra qualquer. Criei um poema sobre uma casa que existia apenas na minha imaginação e a professora disse-me que um dia iria ser poeta. Nunca mais voltei a por os pés no chão.”

Questionada sobre a sua obra de eleição, Raquel Patriarca elegeu Alice no País das Maravilhas, por “ter tudo” e ser “uma boa obra, pois é completa e sempre que lemos novamente temos uma impressão diferente e provoca-nos um sentimento distinto.”

De seguida, a escritora questionou as crianças se sabiam qual era o dia de hoje, o “dia da Língua Portuguesa”. Em conjunto com Adélia Carvalho, lançaram um repto aos jovens estudantes para dizerem as coisas em português e desta forma tratarem melhor a nossa língua, que é nosso património de incalculável valor.

Este encontro dos escritores com alunos dos diferentes níveis de ensino é um dos momentos marcantes e de elementar importância do Correntes d´Escritas. Desde o Ensino Básico ao Superior, a 18ª edição do evento continuará a promover diversas sessões de autores com os alunos, entre o dia de hoje e sexta-feira.

Acompanhe o 18º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento e ficar a par de todas as novidades.