Na passada sexta-feira, 16 de junho, o Cine-Teatro Garrett acolheu a cerimónia de homenagens que, neste aniversário, agraciou José Macedo Vieira, António Pereira, Eduardo Lemos, Maria das Dores Milhazes e Albertino Cadilhe, individualidades que dispensam apresentações pela sua dedicação, durante décadas, à comunidade poveira, seja essa dedicação demonstrada através da política, do associativismo ou da educação.

Mas, antes da cerimónia de homenagens, o Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, inaugurou, nos Paços do Concelho, a Galeria dos Presidentes. Na sala onde, quinzenalmente, o executivo se reúne, estão patentes as fotografias dos Presidentes do século XIX e XX. A inauguração contou com a presença dos ex-autarcas Arriscado Amorim, José Azevedo, Manuel Vaz e Macedo Vieira.

Aires Pereira mostrou-se extremamente satisfeito com este projeto: “a cidade precisava fazer as pazes com o passado. Todos fizeram, no seu tempo, o que podiam, o melhor que sabiam e não nos cabe a nós julgar as decisões que foram tomadas na altura”.

Já no Cine-Teatro Garrett, as personagens principais foram José Macedo Vieira, António Pereira, Eduardo Lemos, Maria das Dores Milhazes e Albertino Cadilhe.

Com personalidades e métodos de trabalho distintos, os cinco homenageados têm, no entanto, traços em comum: o reconhecimento de que, sem uma boa equipa, não teriam sido capazes de alcançar os mesmos resultados. Sem exceção, os homenageados agradeceram aos seus colegas de trabalho, aos funcionários, a todos que partilharam e contribuíram para que os seus sonhos – de uma cidade nova, de desporto para todos, de uma escola pública de excelência – se tornassem realidade.

Em todos os discursos a palavra família foi, igualmente, dita vezes e vezes sem conta. A devoção aos cargos que ocuparam e ocupam é também contabilizada pelo número de horas dispensadas aos mesmos. Com filhos, netos e, até, bisnetos, os homenageados confirmaram que não se poderiam ter envolvido tanto nas suas tarefas sem a compreensão das suas esposas e marido. Porque a entrega ao serviço público só foi possível com algum sacrifício familiar.

E, por fim, o terceiro facto em comum entre José Macedo Vieira, António Pereira, Eduardo Lemos, Maria das Dores Milhazes e Albertino Cadilhe: a forte amizade criada com colegas permitida pela convivência no trabalho. Todos os homenageados fizeram questão de sublinhar a importância da amizade nas suas vidas e de como os seus cargos ficaram mais leves com a colaboração de verdadeiros amigos.

Lembramos que José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim entre 1993 e 2013, foi o primeiro poveiro a ser distinguido com a Medalha de Reconhecimento – grau Ouro. A António Pereira, responsável, entre tantas outras coisas, pela organização do Campeonato Interfreguesias, Eduardo Lemos, Maria das Dores Milhazes e Albertino Cadilhe, diretores das escolas Eça de Queirós, Flávio Gonçalves e Rocha Peixoto, foi entregue a Medalha de Reconhecimento – grau Prata.

O falecimento de António da Conceição marcou o início da intervenção do Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira. O autarca pediu ao público um minuto de silêncio em homenagem ao fundador, presidente e dirigente da Banda Musical da Póvoa de Varzim, ao longo de cerca de 60 anos. António da Conceição foi ainda presidente da Cooperativa “A Familiar” e diretor do Clube Naval Povoense.

Aires Pereira confirmou que “a cidade mais não é do que a obra coletiva dos cidadãos, liderada por aqueles a quem confiam representação. Os contributos dos cidadãos e das suas organizações, sendo dádivas, nos impõem a todos o dever da gratidão e do reconhecimento Quem dá, ou se dá, não imagina, não espera, muito menos deseja ser publicamente assinalado. Mas o dever do gestor, em nome da comunidade que representa, é exatamente o oposto: dar visibilidade às boas práticas cidadãs para que outros as repliquem, de modo a que, gradualmente, exemplos pioneiros (porventura raros) se convertam em práticas habituais de mais e mais concidadãos”.

Sobre António Pereira, o autarca disse ser “um empreendedor sociocultural, talentoso e multifacetado, que é, nos nossos dias, a maior figura do desporto popular poveiro. O mesmo António Pereira é igualmente conhecido pela sua militância na defesa das nossas tradições populares, que evoca sob a forma de revista “à poveira”. O António Pereira que, umbilicalmente ligado ao movimento associativo, mas sobretudo enquanto cidadão, assume uma missão fundamental na transmissão dos saberes geradores da nossa identidade e da nossa memória coletiva”.

Aires Pereira sublinhou o privilégio, para a comunidade, de poder contar com “Maria das Dores Milhazes, Albertino Cadilhe e José Eduardo Lemos como diretores de três escolas (ou agrupamentos de escolas) da nossa cidade. Homenageamos a educação de excelência que a escola pública proporciona às nossas crianças e jovens, educação que, a exemplo de um passado que já parecia distante, voltou a colocar a Póvoa de Varzim na liderança da formação e da capacitação da juventude na nossa região”.

Por fim, o Presidente da Câmara Municipal elogiou o seu antecessor: “feliz é a nossa comunidade porque, contra todas as previsões, pôde dispor, entre 1994 e 2013, da liderança esclarecida e firme de José Macedo Vieira. Que, como prometeu, deu vida nova à Póvoa de Varzim – cidade e concelho – aplicando-lhe, na sua linguagem médica, a terapia adequada ao diagnóstico que atentamente elaborara, e que, dada a gravidade da situação, requereu cirurgia urbana profunda”.

Esta terapia, segundo o autarca, conduziu ao reencontro da cidade consigo mesma: reconciliando-se com o mar a com a sua identidade marítima e balnear; redescobrindo, nessa identidade, a sua vocação; e readquirindo, por essa via, a sua capacidade competitiva – isto num tempo de economia globalizada em que o foco da competição, mais que nos países, se situa nas cidades, que só conseguirão vencer se colocarem no mercado produtos de economia urbana especializada.

“A mesma terapia, entretanto aplicada a toda a cidade, estendeu-se à cidade nova que há muito sonhávamos (o Parque da Cidade, a Via B, o Metro de superfície, a nova Mousinho) e às freguesias do concelho, cujas centralidades adquiriram dignidade e onde foram criados (ou requalificados) equipamentos de serviço às populações – isto numa lógica, de efeito hoje visível, de extensão dos fatores de qualidade de vida, quebrando as assimetrias entre litoral e interior, ou entre urbano e rural. “O concelho como um todo” – foi lema de ação e foi programa de trabalho”.

Após esta cerimónia, os homenageados, os seus amigos e familiares, os representantes das associações e clubes poveiros e, pela primeira, vez, todos os funcionários que colaboraram na organização deste 44º Dia da Cidade, rumaram ao Casino da Póvoa onde teve lugar um jantar de comemoração. A Banda da Armada presenteou o público com uma atuação verdadeiramente inesquecível, na qual se incluiu um medley poveiro.