José-Alberto Marques apresentou Épicodrone E etc, uma edição Caleidoscópio. O escritor explica que “o título é, de certa forma, a exigência duma fórmula que se insira num processo de criação que prossiga o modelo criativo que o autor altera consoante o movimento estagiário, os seus conhecimentos, a sua cultura, a sua colocação no espaço e tempo literários.

No meu caso pessoal, tenho tentado ao longo da vida expor algo de avanço e atualização, consoante os graus de aprendizagem própria. Palavra ingénua, quase cruel, mas espelho do autor.

Deixei que a imaginação me ditasse algo de não mui comum neste tempo. Intentei experimentar a “epicidade”, não sem a contaminar com algo de poética lírica e um certo cunho cultural, um pouco barroco”.

Natural de Torres Novas, José-Alberto Marques frequentou a Licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa. Obrigado a abandonar os estudos por razões económicas, exerceu diversas profissões ao mesmo tempo que fazia o Curso de História.

O Inventário do Sal, de José Alberto Mar, uma edição de Insubmisso Rumor, composto por sessenta e três poemas alusivos às suas origens, a Póvoa de Varzim.

José Alberto Mar é pseudónimo de José Alberto Postiga, nascido numa família humilde de pescadores residente nas Caxinas. Sobre o livro, José Alberto conta: “Do mar, miradouro de duas cidades, vêem-se cortinas sacudidas das janelas a aceitar a saudade. Um eterno pescador sente que as lembranças lhe escapam. Lança as redes à memória e faz farto o dia de faina. À proa da vida, as canastras adornadas de palavras: são sangue, pó, identidade e costume. Esta obra é o inventariar preciso de um tempero comum. Para que o tempo não extinga em fome a existência de um povo. O que somos, ao Sal pertence”.

O livro Textos de Amor compila os textos premiados do Concurso Nacional Textos de Amor Manuel António Pina. Trata-se de um certame de caráter anual e único em Portugal, organizado desde 2001 pelo Museu Nacional da Imprensa, por ocasião do “Dia dos Namorados”.

O conjunto dos textos resulta das seleções feitas, ao longo das diversas edições, pelos Júris compostos pelos seguintes membros: Ana Sousa Dias, Fernando Pinto do Amaral, José Miguel Gaspar, Luiz Humberto Marcos, Manuel António Pina, Maria Glória Padrão e Pires Laranjeira. Milhares de participantes, de diversos pontos do país, fizeram deste concurso uma referência no estímulo à emergência de novos valores literários.

A capa apresenta um desenho do artista José Rodrigues.

O Kaputo Camionista e Eusébio, de Manuel Rui, editado por Guerra e Paz, tinha lançamento marcado para o final da tarde mas, entretanto, foi adiado para as 22h00. Sobre o livro, vamos voltar a 1966. Em Inglaterra, Portugal vai entrar em cam­po para jogar com a Coreia do Norte. O pé de Eusébio vai pisar daqui a nada a relva. Mas não é para Inglaterra que este livro do angolano Manuel Rui nos leva. É mesmo para Angola, para uma solitária estrada de Angola. Está Eusébio a entrar em campo e está um camião em viagem. Saído do Lubango, Sá da Bandeira colonial, por uma estrada de Angola vai um camião sem auto-rádio. É dia 23 de Julho de 1966, um sábado. Um camionista fala com o pendura a quem deu boleia. Fala de Eusébio, do que espera de Eusébio, da forma como mitifica Eusébio. E falando de Eusébio, fala dos seus preconceitos, dos seus medos, da estranheza das outras raças. Em Inglaterra, Eusébio está em campo e Portugal joga contra a Coreia do Norte. O camionista acelera, quer saber o resultado na primeira tasca de estrada que apanhe. Vai num alvoroço patriótico. Quer a glória desportiva. E, no entanto, espera-o um resultado desencantado. Para ele, kaputo camionista, um resultado humilhante. Poderá o mito de Eusébio resistir ao choque?

Manuel Rui, com uma mestria insuperável, com um camião, Botija ao volante, e Tó-Tó, à boleia, sentado ao seu lado, escreve uma ficção encantatória, uma pequena novela. Com o espírito de Eusébio a cobrir Angola como um véu de amargura, de redenção e, talvez, de glória, resgatando, golo a golo, uma pátria triste.

A esta sua quase épica ficção, Manuel Rui quis juntar o prefácio de David Borges, e textos de Carla Ferreira, filha de Eusébio, de Boaventura Sousa Santos, José Jorge Letria, e outros amigos. Um livro tão original que até Boaventura Sousa Santos confessa a Ma­nuel Rui: «os sociólogos não sabem andar de boleia».

Alberto Serra e Paulo Cunha foram os responsáveis pelo Recital de Poesia e Música “Cartas a Sandra”, a partir da obra homónima de Vergílio Ferreira.