Sofia Branco nasceu na Póvoa de Varzim mas há muito que vive em Lisboa, onde exerce a profissão de jornalista. À cidade natal regressa sempre que há oportunidade e lançar esta obra no âmbito do Correntes d’Escritas não poderia constituir melhor momento.

“A mulher da capa do livro é a minha tia e a fotografia foi tirada pelo meu pai enquanto ela escrevia para o então namorado. A Guerra Colonial cruzou-se com a vida de muitas pessoas entre 1961 e 1974 e deixou efeitos que ainda perduram. Quando comecei a estudar sobre este assunto não tinha a real noção desse facto, até porque a história da minha tia teve um final feliz”. Sofia Branco considera que “a História é muito masculina, com uma perspetiva do lado dos homens. A Guerra teve um efeito social determinante no país e a visão das mulheres é muitas vezes negligenciada. Este livro é diferente porque conta uma nova versão da Guerra, a feminina”.

A doença da felicidade foi apresentada por António Cabrita. E se a felicidade fosse uma doença? Partindo desta ideia simples, Paulo José Miranda, no estilo torrencial a que nos habituou, e sempre tendo a ironia em pano de fundo, faz-nos reviver o estranho universos das relações, as amorosas e as familiares, mas também as científicas e filosóficas. Como se tudo não passasse de uma teia de aranha, que tanto mais aperta quanto nos tentamos soltar. Um ensaio mascarado de novela? Uma dissertação científica que finge ser testemunho memorialista? Tudo será possível, mas como acontece nos seus romances-deriva, o tema, no caso o sempiterno da felicidade, não voltará a ter o sabor gourmet, aquele valor sexy que lhe é atribuído a torto e a direito.

Éter, de António Cabrita, foi apresentado por Paulo José Miranda. Reúne sete narrativas urbanas, que se localizam nos dois países em que tem alternado a sua vida: Portugal e Moçambique. São sete histórias com distintas estratégias narrativas, tal como são variados os seus temas, sendo contudo transversal uma idêntica tensão entre a memória pessoal e o esquecimento coletivo, bem como a escrita peculiar do autor de A Maldição de Ondina. Os seus diferentes narradores atuam na fronteira entre a verdade e a verosimilhança, adotando o jogo perigoso de fazer coincidir drama pessoal e memória coletiva.