E no seguimento de uma ideia vincada na edição anterior de que o Correntes d’Escritas não era mais do que um “milagre”, o escritor referiu que “o Vaticano está a considerar a organização dos santos e a investigar o milagre Póvoa elevado aos altares”.

Esta cerimónia, no Casino da Póvoa, marcou o arranque oficial do 16º Correntes d’Escritas, com o anúncio dos vencedores dos Prémios Literários 2015 e lançamento da Revista Correntes d’Escritas 14, dedicada a Almeida Faria.

Ainda nesta sessão, o Vice-Presidente da autarquia não pôde deixar de lembrar Luísa Dacosta, falecida no passado dia 15 de fevereiro, e que o Município reconheceu como cidadão poveira, em 2014. Luís Diamantino afirmou que “a literatura está mais pobre. Uma escritora que viveu muito tempo na Póvoa de Varzim e que, mesmo atualmente vivendo em Matosinhos, a Póvoa era o seu porto seguro. Vinha à Biblioteca Municipal como se fosse a sua «primeira casa». A Luísa Dacosta está, hoje, também aqui connosco”.

O Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, transmitiu que o Correntes d’Escritas é “um evento com grande ligação à língua portuguesa, nomeadamente, a sua promoção e divulgação dos nossos escritores”.

O edil explicou que o facto do certame realizar-se numa “dita época baixa tem um efeito que pretende gerar uma forma de trazer gente à cidade. E, este ano, pela primeira vez, o Correntes está mesmo no centro da cidade. O facto de termos concluído a nossa obra do Cine-Teatro Garrett permite que a Póvoa viva melhor o evento que andou sempre por zonas marginais. O facto de termos vindo até ao coração da Póvoa permitiu a todos (de dentro e de fora) ter uma maior interação”.

Aires Pereira não pôde deixar de destacar a “repercussão que o Correntes d’Escritas tem, quer a nível nacional, quer internacional, da maior importância e relevância para o concelho”, visto que “a cultura é o grande motor da economia”.

Luís Diamantino também corroborou o Presidente transmitindo que ”o facto de trazermos o evento para o centro da cidade foi muito importante porque fez com que esta zona central e comercial ganhasse outra vida. É evidente que este foi um primeiro ano de adaptação, o próprio evento teve de se adaptar a este novo espaço, que permitia que as pessoas se dividissem pelo café concerto, esplanada, hall e exterior, ou seja, puderam se espraiar um pouco por todo o espaço”.

O Vice-Presidente constatou que “também nos ensinou outras coisas em relação ao próximo ano em que vamos ter que conquistar espaço à rua, ou seja, vamos tentar prolongar o Correntes d’Escritas até ao Largo Dr. David Alves, vamos levar o certame mais para a rua, nem que para isso tenhamos que colocar uma tenda que abarque todo este espaço e as pessoas possam percorrer o espaço fora do Garrett e que os leve cada vez mais à rua, ao centro da cidade”.

A este propósito, Luís Diamantino assumiu que “não podemos esperar, por exemplo, que o facto de termos trazido o Correntes d’Escritas para o centro da cidade signifique que os comerciantes, imediatamente, vejam resultados e considerem «espetacular». Não pode ser assim. Primeiro, a câmara faz a sua parte e os comerciantes também têm que fazer a sua. Temos que dividir tarefas. Mas a Câmara está disposta a fazer sempre mais do que aquilo que deveria fazer”.

Neste sentido, o Vice-Presidente acrescentou que “trazer mais gente à Póvoa de Varzim, que planeia férias nesta altura e reserva alojamento, é também uma estratégia do Correntes d’Escritas, que acontece numa época baixa e atrai muita gente à cidade, permitindo que os hotéis possam receber bem e contribuindo para o seu negócio. No entanto, o Vice-Presidente advertiu que “os hotéis também têm que promover o Correntes d’Escritas pois, desse modo, também estarão a promover-se a si próprios”.

O Vereador da Cultura revelou que “o Correntes d’Escritas tem como um dos seus grandes objetivos a promoção do livro e da leitura”, constatando que este “tem sido atingido. Vê-se pelo número de crianças que participaram na sessão de encerramento (Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora), vê-se pelo número de trabalhos a concurso para o prémio juvenil (Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus), e também as sessões nas escolas”.

Desde o Jardim-de-infância ao Ensino Superior, o 16º Correntes d’Escritas promoveu 16 sessões de encontro entre escritores e alunos.

Para Luís Diamantino, “o contacto dos escritores com os alunos tem sido excecional. Há escritores que participam no evento só para irem às escolas conversarem com alunos porque eles sabem que é ali que tudo se processa e se resolve. E se conseguirmos criar hábitos de leitura nos nossos jovens, eles (escritores) terão o futuro também assegurado. Aqui na sala também é notória a presença de mais jovens a assistir às mesas e fazem-no como um espaço de lazer porque o livro tem que dar prazer às pessoas que o leem”, transmitiu, concluindo que “tornar o futuro em Portugal mais alegre e mais elevado a nível intelectual só o podemos fazer desta forma, com muito trabalho, um trabalho de profundidade, não esperando que o resultado venha já amanhã”.

Neste sentido, explicou que o Correntes d’Escritas é um “processo que surgiu há 16 anos e fomos crescendo, crescendo, e todos os anos queremos crescer mais. Possivelmente, para o próximo ano, como este foi tão bom e as pessoas querem mais, vamos voltar a ter quatro dias com mesas, ou seja, voltar a começar à quarta-feira, e arrastar um pouco até terça-feira o pré-arranque do evento, tal como acontecia até 2011”.

Um evento em notório crescimento, um milagre consumado, mais uma edição encerrada. Para a recordar, o Município coloca ao seu dispor fotogalerias, vídeos, reportagens, crónicas no portal municipal e no Facebook da Câmara e do Correntes.

Reviva o 16º Correntes d’Escritas.