Ao final da manhã, o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, recebeu o Almirante António Silva Ribeiro no edifício dos Paços do Concelho e, de seguida, procederam à deposição de flores no busto de Cego do Maio, no Passeio Alegre. Da autoria do escultor Romão Júnior, o monumento foi construído por iniciativa dos poveiros emigrados no Brasil, em 1909.

No período da tarde, o programa comemorativo decorreu no Museu Municipal com a aposição do selo e do carimbo comemorativos. Seguiu-se a abertura da exposição da exposição “Cego do Maio e a História Trágico-Marítima dos Poveiros”. A Diretora do Museu Municipal, Deolinda Carneiro, conduziu uma visita guiada à exposição que destaca a figura e ação do herói poveiro José Rodrigues Maio, utilizando o espólio documental de Museu e Arquivo Municipal, bem como embarcações, peças e fotografias, renovando-se, também, a apresentação das artes de pesca. A mostra estará patente até outubro de 2018 para que todos tenham oportunidade de visitar.

O Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, o Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, Almirante António Silva Ribeiro, o Vice-Almirante Luís Sousa Pereira e José Festas, Presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM), foram os intervenientes da Conferência “Salvaguarda da Vida Humana no Mar”, moderada por Miguel Marques, da PwC.

Antes das intervenções, o Presidente da Câmara pediu um minuto de silêncio por aqueles que já não estão entre nós e perderam as suas vidas no mar.

O edil referiu que “a melhor homenagem que podemos fazer a Cego do Maio é aproveitar estas comemorações para falarmos daquilo que era a sua principal atividade, a segurança. Portanto, vamos iniciar as comemorações falando sobre segurança e refletindo um pouco sobre a economia da pesca, a importância que tem para a nossa comunidade e os desafios que temos pela frente”.

Neste sentido, Aires Pereira transmitiu que “cada vez mais, o Porto da Póvoa de Varzim vai ser o porto de referência da atividade da pesca. Devido a profundas alterações que o Porto de Leixões vai sofrer nos próximos anos, vai ser necessário fazer um estudo bastante profundo nas zonas de estacionamento do nosso porto, ou seja, vai obrigar a novos desenvolvimentos e um ordenamento do espaço”.

O edil reconheceu que “a atividade profissional da pesca está muito condicionada por causa das condições do porto”, alertando, uma vez mais para a necessidade de dragagens no porto e falta de areia nas nossas praias.

A propósito do salvamento marítimo, o Almirante António Silva Ribeiro indicou que a Autoridade Marítima Nacional tem uma taxa de sucesso do serviço de 97,9%, acrescentando que “somos os melhores porque temos o espírito do Cego do Maio”.

E referindo-se, em concreto, à Póvoa de Varzim, revelou que no próximo ano teremos o primeiro salva-vidas da nova geração que se chamará “Cego Maio” e, no início de 2018, será também colocada uma estação do Projeto Costa Segura na nossa cidade. Trata-se da instalação que radares junto às barras que emitem informação digital e permitem um seguimento automático e geração de alarmes em caso de perigo. Além disso, o Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional avançou a criação do Programa Cego do Maio, organização de voluntários que apoie o salvamento marítimo coordenado pelo Instituto de Socorros a Náufragos.

O Almirante António Silva Ribeiro recebeu uma agulha de marear oferecida pelo Presidente da Câmara, uma camisola poveira do Grupo de Amigos do Museu, e ainda uma réplica do antigo salva-vidas Cego do Maio de José Festas.

O Presidente da APMSHM revelou que “nós, pescadores, revemo-nos muito no Cego do Maio porque sempre que vemos alguém em perigo no mar socorremos”.

O programa desta tarde terminou com a apresentação do livro Cego do Maio e o Mar de Manuela Costa Ribeiro, que a autora dedicou a um dos seus heróis, o pai, acrescentando que “há muitos Cegos do Maio e não é só no mar”. Uma vez mais, referiu-se ao seu fascínio pelo mar e paixão pelos pescadores que se refletem sua na obra.

Trata-se da nova edição de Cego do Maio: anjo da salvação, que a autora lançou em 2005, e agora é publicado pela Opera Omnia, com ilustrações de Alex Gosblau. A autora explicou: “não me apeteceu fazer uma segunda edição do livro. Por isso, reescrevi a história. As ilustrações também foram feitas por uma pessoa diferente, alguém que não conhece nada da Póvoa e as fez somente a partir do texto”, acrescentando que “estou muito feliz com as ilustrações porque desregionaliza Cego do Maio”.

O livro foi oferecido na sessão de lançamento e agora está à venda na Biblioteca Municipal.

O programa comemorativo dos 200 anos do nascimento do Cego do Maio termina em outubro de 2018. Acompanhe todos os momentos através da página do Facebook criada para o efeito.