Valter Hugo Mãe e Esgar Acelerado, escritor e ilustrador do livro editado pela Porto Editora, estiveram à conversa com o jornalista Júlio Magalhães.

Sobre o processo de criação literária, o vencedor do Prémio Saramago 2007 revelou que “o livro aconteceu todo nos táxis, em São Paulo. Surgiu completo ali”, acrescentando que “a literatura acontece de várias maneiras. Muitas vezes, a literatura vem ao nosso encontro em vez de sermos nós a irmos atrás dela”, transmitiu. Assumiu, ainda que “a partir do momento em que o livro é editado, eu fujo dele”, confessando um certo “apaziguamento quando entregue à editora”.

O autor explicou que o livro está escrito no feminino porque é uma “emanação” do último romance que escreveu, A Desumanização. Trata-se de uma versão para os mais novos, a mensagem é a mesma mas adaptada, sendo que o tópico central do romance é a solidão. Valter Hugo Mãe entende que “a humanidade define-se pelo oposto de solidão. Ao falar de ser humano, estamos a implicar duas pessoas. A construção humana é uma questão coletiva. A solidão é, sobretudo, um estádio/ estágio, mas nunca um objetivo”.

“O amor é um sentimento que não obedece nem se garante. Precisa de sorte e, depois, de empenho.” – pode ler-se no livro e, a este propósito, o autor confessou que “a inteligência afetiva é a que mais me fascina, saber gostar de alguém. Isso aprende-se e é um exercício de lucidez. É possível gostar de alguém através do uso da inteligência, com empenho e paciência”.

Em relação às ilustrações, Esgar Acelerado aceitou o desafio de Valter Hugo Mãe, de quem é amigo de longa data, e, num curto espaço de tempo, criou os desenhos do livro. Deste trabalho, o artista visual destacou a “liberdade criativa” que o autor lhe permitiu ter na sua criação.

A sessão teve início com a leitura de alguns excertos da obra pela rapper Capicua e terminou com autógrafos.

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