Uma obra que foi publicada em novembro de 2014 e que a escritora revelou que tinha começado a escrever a 31 de outubro de 2013, duas semanas depois de ter sabido que tinha cancro, e terminou em agosto de 2014.

Depois de caracterizar a obra como “magnífica” e “pérola”, Rui Zink perguntou à autora qual a diferença deste livro em relação a outros que escreveu, ao que Leonor Xavier respondeu que não sabia. No entanto, acrescentou que o livro está escrito “na primeira pessoa do singular” e “foi um pretexto para falar da vida e da morte”.

Leonor Xavier partilhou ainda vivências que teve no IPO, local onde se “perde a noção do tempo” e sente uma “profunda libertação. Sinto-me bem naquele hospital”, confidenciou, realçando a “cumplicidade” existente entre as pessoas com cancro.

Considerando que o mundo que se divide entre quem tem ou não saúde, a escritora encara o livro como uma “viagem”, acrescentando que “a gente entra noutro mundo”.

Revelou que “o que gostei muito ter vivido nesta nova identidade foi a ternura e as manifestações de carinho, ser objeto nesta sensação de finitude. Todos os gestos mais insignificantes passam a ser importantes”.

Numa desdramatização absoluta da doença de que é vítima, Leonor Xavier disse que “o sofrimento é uma travessia, é um ingrediente que faz parte das nossas vidas”.

A escritora e jornalista disse que Passageiro Clandestino era “cultura” e “cultura é existência. Escrever é quase como lavar os dentes, todos os dias”. Já conta com 30 anos a escrever livros e acha que este está bem escrito, transmitiu.

No decorrer da conversa, Rui Zink leu alguns excertos da obra.

Esta foi mais uma iniciativa no âmbito do 16º Correntes d’Escritas que, até sábado, decorre na nossa cidade. Acompanhe o evento.