Não só esta edição traz novas iniciativas, como o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, se dirigiu, pela primeira vez, à “plateia de mulheres e homens que da escrita fazem ofício e através dela narram, interpretam e interpelam a vida numa sociedade que, nos livros, pode ser sempre diferente da que vivemos. Quero, desde já, lembrar que foi o município da Póvoa de Varzim quem vos convidou – e já lá vão 15 anos em que esta dialética sonho/realidade nos reúne.

Este nosso encontro – o 15º, faço questão de repetir e frisar – ocorre na cidade a que, em tempos e circunstâncias diversas, se ligaram figuras maiores das nossas letras como são Eça de Queirós (o “pobre homem da Póvoa de Varzim”), Camilo, Antero, Ramalho, Brandão, Nobre, Régio, Fausto José… – e, nos nossos dias, Agustina, José Carlos Vasconcelos, Luísa Dacosta, o vizinho Valter Hugo Mãe e, pelo menos a espaços, todos quantos, ao longo destes 15 anos, à Póvoa se acorrentaram, e não apenas por este encontro, que, anualmente, aqui debate o mundo da escrita, da leitura, da reflexão”.

A Póvoa de Varzim é “a cidade da cultura e do lazer e, neste conceito amplo, cabe o melhor conjunto de aspirações que enformam e concretizam aquilo a que designamos qualidade de vida”, sublinhou o Presidente da Câmara Municipal. Esta qualidade exige “componentes materiais, importantes para o bem-estar físico – e nós temo-las – mas que carece também de componentes espirituais. A cultura será uma das alavancas do nosso desenvolvimento”, afirmou.

Aires Pereira assumiu que “apostamos estrategicamente no desenvolvimento daquela que é, reconhecidamente, a nossa vocação enquanto cidade. Sabemos que a cultura e o lazer são a nossa linha do horizonte. E embora saibamos que esse horizonte é inatingível, é justamente por isso que o prosseguimos: porque nos permite caminhar. Somos, e seremos sempre, um povo a caminho.”

Foi bastante emocionado que Manuel Jorge Marmelo discursou, esta manhã, após ter sido anunciado como o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, na Sessão Oficial de Abertura do 15º Correntes d’Escritas.

“Estou habituado a estar desse lado e ver pessoas que admiro muito recebê-lo”, transmitiu o autor de Uma Mentira Mil Vezes Repetida, obra que lhe valeu o prémio de 20 mil euros, confessando que perante as 15 obras finalistas, achou que dificilmente teria possibilidade de ganhar.

Para o escritor, este galardão é um “suplemento de ânimo. No final de mais de um ano desempregado, espero que isto seja o início de um novo ciclo”, desejou.

Manuel Jorge Marmelo transmitiu ainda que é convidado do Correntes d’Escritas desde a 2ª edição, em 2000, e sempre reconheceu que, para além do gesto de amizade, há confiança e respeito pelo seu trabalho enquanto escritor, o que não acontece em todo o lado.

O vencedor do Prémio Casino da Póvoa terminou evocando Manuel António Pina: “faz-nos falta”.

Também Rui Zink fez questão de o homenagear referindo que “era um poeta do quotidiano” e o Correntes d’Escritas é também um “quotidiano durante estes dias e um milagre sólido feito por pessoas concretas”, disse.

Sobre Maria Teresa Horta, homenageada na 13ª Revista Correntes d’Escritas, Ana Luísa Amaral definiu ser uma “mulher da palavra e de palavra, uma mulher da poesia” e pela qual manifestou publicamente a sua profunda admiração.

A homenageada agradeceu à Câmara Municipal o reconhecimento que lhe foi prestado com esta publicação, destacando o esforço e entusiasmo da autarquia na organização do Correntes d’Escritas, “acontecimento único” no país.

E porque o Instituto do Turismo de Portugal apoia em 50 a 75% os custos do evento, Adolfo Mesquita Nunes, Secretário de Estado do Turismo, justificou a ligação do Turismo ao Correntes d’Escritas, reconhecendo que “a literatura faz turistas”, dando exemplos de “vários casamentos entre literatura e turismo” mas essa ligação “é muito mais do que literatura de viagem”.

Para o Secretário de Estado, o turismo é muito mais do que chegar a um destino, é também um negócio e uma atividade económica. Para além disso, “o Turismo é hoje a forma mais fácil que temos de preservar aquilo que é nosso porque lhes confere valor económico. Há tradições que ressurgem porque há turistas que as descobrem e consomem”, anunciou.

Em representação de um dos mais relevantes patrocinadores do evento, Dionísio Vinagre, Administrador da Varzim Sol, transmitiu que o Casino da Póvoa está orgulhoso e feliz por estar com o Correntes d’Escritas e patrocinar, desde a primeira hora, o Prémio Literário. No entanto, reconheceu “não estando os tempos fáceis, gostaríamos de continuar a sonhar com este apoio às artes e à cultura”.

Tendo em conta a advertência de Dionísio Vinagre e aproveitando a presença de Adolfo Mesquita Nunes, Secretário de Estado do Turismo, Aires Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, pediu ao representante do Governo que olhassem para a concessão das verbas de jogo do Casino da Póvoa com o cuidado que ela merece para que possamos continuar aqui.

Acompanhe a par e passo o 15º Correntes d’Escritas, no portal municipal. Aqui, estão disponíveis as atas dos quatro Concursos Literários, cujos vencedores foram anunciados esta manhã e os prémios serão entregues na Sessão de Encerramento, sábado, dia 22, às 18h00. Veja ainda a fotogaleria que preparamos para si desta Cerimónia Oficial de Abertura: