O
palestrante convidado referiu-se ao Concílio de Trento (1545-1563) como uma
etapa na história da música sacra, esclarecendo que neste período “a música foi
tratada com cuidado, nada se condenou verdadeiramente e pouco se alterou”.

No que
se refere à legislação sobre a Música, o Concílio de Trento, basicamente,
determinou a “proibição do profano e a inteligibilidade do texto na música”,
informou, esclarecendo que a posição dos padres do conciliares era a seguinte:
“reformar a liturgia e com ela toda a música litúrgica; sanar o reportório
tradicional do cantochão; que fosse banido todo e qualquer ressaibo de
profanidade e que a polifonia não impedisse a boa percepção do texto sagrado”.
A este propósito acrescentou que “quanto à profanidade, sugeriam a condenação
de missas bem como de peças que, de algum modo, evocassem acontecimentos
profanos, como o caso da «Bataille de Marignan»; quanto à inteligibilidade dos
textos, os padres conciliares estavam a pensar em polifonias dependentes mais
da construção técnica do que da expressividade”.

Quanto
aos efeitos do Concílio de Trento na Música, José Maria Pedrosa revelou que
“houve muitas tentativas de purificar o Canto Gregoriano, no entanto, nunca
veio a ser acabada nem aprovada a revisão às melodias gregorianas nem a Reforma
da Palestrina concluída”.

Na
viragem do século XVI para o XVII, dá-se uma grande mudança: passagem do stile antico para o stile moderno marcado pela introdução de um estilo verdadeiramente
Barroco, continuou, expondo que “a modernidade dentro da Igreja operou-se
através de uma atitude dupla: por um lado, era preciso adoptar novos meios de
comunicação catequética ou moralizante; por outro, era importante que a Igreja
se afirmasse com poder convincente”. E sobre este último aspecto, o
conferencista explicou que “a Igreja Católica teve necessidade de adoptar algo
que fizesse lembrar o triunfo sobre a heresia e sobre o racionalismo emergente
das novas realidades científicas e mesmo históricas. Neste sentido, permitiu
uma atitude teatral dentro da própria liturgia e na qual a música desempenhou
um papel fundamental”. Dá-se, nesta altura, uma inovação religiosa sem
precedentes nas práticas litúrgicas europeias através da criação da música
espectáculo marcada pela introdução e inclusão do vilancico barroco nas igrejas
portuguesas e espanholas, continuou.

O
palestrante divulgou ainda as grandes formas musicais que surgem na Liturgia,
na chamada Contra-Reforma: Missa, Motetos, Salmos e Hinos, sendo que, em todas,
de uma forma ou de outra, se aplica o Baixo Contínuo e se adopta o estilo
concertante.

José
Maria Pedrosa concluiu que “a música continuou a servir a Fé segundo a medida
dos homens” visto que “a Igreja atravessa o tempo e assenta as suas bases na
sociedade dos humanos”.

 

Programa geral do 6º Ciclo de Música Sacra
da Igreja Românica de S. Pedro de Rates, de 1 a 29 de Maio:

Na sexta-feira, 6 de
Maio, às 21h30, acontecerá o Encontro de Coros Paroquiais com o Grupo Chorus X
da Paróquia da Matriz de Vila do Conde, o Grupo Coral do Coração de Jesus da
Paróquia de Terroso, Grupo Chorus XI da Paróquia de Aguçadoura e o Grupo Coral
da Paróquia de S. Pedro de Rates.

No domingo, dia 8 de
Maio, às 18h30, poderá assistir ao concerto “O Magnum Mysterium”, pelo grupo La
Farsa, com direcção musical de Luis Toscano. Uma semana mais tarde, no dia 15
de Maio, também às 18h30, assista ao concerto “O Canto Gregoriano no Louvor Cristão”,
pelo Coro Gregoriano de Penafiel e com direcção musical de Ana Marjorie Pérez.

De 20 a 22 de Maio,
António Mário Costa, da Universidade Católica do Porto e do Conservatório de
Aveiro, levará a cabo o IV Curso de Direcção Coral e Técnica Vocal.
 

No dia 21 de Maio,
sábado, às 21h30, José Paulo Antunes, da Universidade Católica do Porto, falará
sobre “Os Ministérios da Música na Liturgia Cristã de Hoje. Perspectiva
teológica, litúrgica, pastoral e musical”.

No dia 22 de Maio, domingo, às 18h30, o Grupo Vocal
“Solo Voces”, com direcção musical de Fernando G. Jácome, apresentar o concerto
“Polifonia Ibérica entre os séculos XIV e XVIII”. A fechar o Ciclo, poderá
assistir, no dia 29, ao concerto “A Música no cerimonial litúrgico”, pelo Coral
Ensaio da Escola de Música da Póvoa de Varzim, sob direcção de Abel Carriço.