E foram estes “Contos Poveiros”, onde se reúnem 14 contos, alguns ficcionados,
outros vividos pelo autor e outros ainda que fazem parte da tradição oral
poveira, que foram apresentados na Biblioteca perante uma sala onde não faltavam
amigos da juventude que Luís Costa passou na Póvoa e que tão boas recordações
deixou na sua vida. O livro é, de facto, um repositório de memórias de um tempo
e de uma Póvoa de Varzim cheia de tradições e onde o mar, e essa relação forte
que com ele mantinha uma grande parte da população, marcava a vida de toda uma
comunidade. Das tradições são exemplo os três contos sobre o Natal poveiro, da
oralidade “O Camões”, figura típica da época e do mar, que faz da “Póvoa do mar”
a personagem principal, há o conto “Naufrágio na Barra”, baseado num naufrágio
verídico a que Luís Costa assistiu.

        Actualmente com 85 anos, Luís
Costa continua a manter uma espantosa vitalidade e produtividade, uma vez que,
como ele próprio afirmou, os seus dias são passados em torno da escrita. Um
eterno apaixonado da Póvoa, onde passou 18 anos da sua juventude, o autor não
pôde deixar de afirmar, no lançamento do seu livro que “Em Coimbra, onde nasci,
sou republicano, mas na Póvoa sou monárquico, porque sou súbdito da Póvoa, que é
a rainha das praias portuguesas”

Livros

       “Contos Poveiros” reúne ainda
os “Contos da Terra Verde”, composto por narrativas sobre o universo histórico e
humano da cidade de Braga, onde o autor vive desde 1946. Mas é a Póvoa que,
ainda hoje, continua a marcar a sua existência e é a ela que se refere sempre
com inegável saudade e carinho: “quando começo a falar da Póvoa, nunca mais me
calo”, explica Luís Costa, “porque foi lá que passei a minha juventude e porque
conhecia toda a gente e dava-me com todos; interessava-me pelas histórias da
terra e percorria todas as ruas….”

Luis Costa

        Luís Costa é natural de
Coimbra, onde nasceu em 24 de Agosto de 1921. Com cinco anos veio para a Póvoa,
onde viveu até à entrada na vida militar, em 1942. No período da segunda Guerra
Mundial prestou serviço militar como sargento miliciano, no Porto e depois como
expedicionário em cabo Verde. Concluído o serviço militar, em 1946, tentou o
regresso à Póvoa, mas, como ele próprio explica, a dificuldade em arranjar
trabalho fez com que aceitasse uma proposta de um familiar e se mudasse para
Braga, onde viria a casar e a viver até hoje. Começou então a colaborar com
jornais como o “Correio do Minho”, “Diário do Minho”, Comércio da Póvoa”, “O
Cavado” e com as rádios Renascença e Antena Minho. Escreveu centenas de artigos
sobre Braga, apresentou comunicações em colóquios sobre várias tradições
etnográficas da Póvoa e Esposende e assinou artigos no Boletim Cultural da Póvoa
de Varzim.

        Publicou vários livros na
área da História, como “S. Vítor, alguns elementos para a História desta Igreja”
(1979), “Braga Ontem” (1981), “História da Igreja e Irmandade de Sta. Cruz”
(1983) ou “Braga, solenidades da Semana Santa” (2002), duas monografias sobre
freguesias do concelho de Braga e, no campo da ficção, “Contos Poveiros”, que
agora se publica.