O
estudo, agora publicado, é da autoria de Deolinda Carneiro e José Flores, com o
contributo de Justino Pereira, e conforme referiu Virgílio Ferreira, Provedor
da Santa Casa, “é um passo importante na identificação, divulgação, mas também
na preservação de modo cientificamente reconhecido, duma parte da história
desta Misericórdia, que enriquece esta instituição mas também o panorama
cultural da Póvoa de Varzim”. O Provedor revelou que “só com o apoio da Câmara
Municipal foi possível levar a cabo a edição desta publicação”, acrescentando
que entende que a ligação existente, há 256 anos, entre a instituição e o
município “deve ser mantida para bem dos poveiros”.

José
Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, referiu-se à
importância da união entre o Município e a Santa da Misericórdia, advertindo
que são esperados, no futuro, grandes desafios à instituição. “A Santa Casa
terá que se multiplicar, fazer a revisão dos serviços e voltar à sua vocação
inicial de assistência aos pobres e doentes. Os tempos que se avizinham são de
grandes mudanças e a instituição terá que se redobrar no desempenho das suas
funções”, alertou o edil.

Para o
Presidente, a publicação do livro sobre património artístico e histórico da
Santa Casa é uma homenagem ao Provedor Silva Pereira, que levou uma vida em
defesa de causas sociais e culturais.

Luís
Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, vê retratado no livro “um pedaço de
história da Póvoa”, numa “viagem de 8 séculos”, lembrando que o interesse neste
livro sobre o património artístico e arquitetónico foi “desde há anos, particularmente
desde a exposição “Obras de Misericórdia”, partilhado com a Mesa da Irmandade
da Santa Casa, nomeadamente com o seu saudoso Provedor Manuel Carvalho da Silva
Pereira, desde sempre um entusiasta da defesa e da valorização do património
histórico-cultural”. O autarca destacou ainda os contributos de Justino
Pereira, Armando Marques e Mário Leite, pela Santa Casa, e de Deolinda Carneiro
e José Flores, investigadores dos quadros do município, os quais, a títulos
diferentes, estão presentes nas páginas deste livro que “tem o mérito
suplementar de ser um belo catálogo do património epigráfico e iconográfico que
explica e contextualiza esta longa história”.

Deolinda
Carneiro informou que a ideia da publicação de Da Antiga Capela de S. Tiago
à Nova Igreja da Misericórdia
vem desde a exposição «Obras de Misericórdia»
que, integrada nas comemorações dos 250 anos da Santa Casa, esteve patente em
2005-2006, no Museu Municipal. A autora confessou que “foi uma angústia fazer
este livro” no sentido em que “falta um grande número de coleções que estão por
estudar”, acrescentando que “há peças que mereciam uma só publicação”. Este
estudo, “incompleto”, serve assim para “abrir o apetite”, referiu, esclarecendo
que resulta de uma “conjugação entre a história da instituição, fotografias das
peças e interpretação do estudo de cada uma”. Partilhando e explicando algumas
das fotografias publicadas, José Flores esclareceu que “queríamos que o livro
desse a conhecer estas imagens, a maior parte delas inéditas”. Vários são os
aspetos destacados neste estudo: desde “os ex-votos provenientes da
Misericórdia que formam um dos conjuntos mais interessantes das colecções do
Museu Municipal conjugando o interesse artístico das pinturas com o valor das
informações históricas relativas ao mobiliário, traje e etnografia”, ao “inovador
urbanismo da Póvoa” de inícios do século XX, visível na Nova Igreja da
Misericórdia, um projeto de Adães Bermudes, à época um dos mais conceituados
arquitetos do país, e ainda na Avenida Mousinho, projetos impulsionados por
David Alves.

Quanto à obra que ilustra a capa do livro – “Pietá”
/ Nossa Senhora da Piedade (Luis de Morales) – que só recentemente passou a
fazer parte do património da região, Deolinda Carneiro, explicou que foi
propositadamente escolhida por ter sido adquirida pelo Provedor Silva Pereira,
prestando-lhe homenagem.