Convidado
para abordar este tema, o Cónego Rui Osório partiu do casal, enquanto núcleo
fundador da família, e das relações entre homem e mulher dentro do casamento
para abordar algumas das dificuldades que as famílias enfrentam actualmente.
Dificuldades que começam, desde logo, na forma como se encaram os papéis de
cada elemento do casal. O diálogo, a franqueza, o respeito mútuo, o
reconhecimento da individualidade de cada um e o respeito por essa
individualidade e a concepção de uma relação a dois enquanto uma relação de
partilha e não de posse, foram algumas das ideias deixadas por Rui Osório como
caminhos a adoptar na construção de um núcleo familiar sólido.

Recorrendo
a um discurso perpassado por um bom sentido de humor, o antigo jornalista
cativou a assistência que praticamente voltou a encher, esta sexta-feira, o
Salão Paroquial da Matriz. Rui Osório recorreu mesmo aos exemplos práticos da
comunidade local: “mesmo nas Caxinas, quando eles dizem que em casa manda ela,
mas nela mando eu, eles sabem que tal não é verdade”, afirmou, arrancando um
sorriso à assistência, para concluir que “o casamento não é um exercício de
posse, para ver quem manda mais”.

A
relação entre os elementos do casal e a relação destes com os filhos, a difícil
tarefa de manter um núcleo familiar coeso nos tempos que correm, que segundo o
conferencista, são tão avessos ao diálogo, foram outros dos temas abordados por
Rui Osório que concluiu que “nesta sociedade tão massificada, individualista e
violenta, as famílias deveriam ser um oásis de tranquilidade”.

Ordenado padre em 1966, Rui Osório conciliou, durante
cerca de 30 anos, a sua vocação sacerdotal com a profissão de jornalista, no
Jornal de Notícias, onde trabalhou entre 1977 e 2005.  Neste jornal, Rui Osório foi redactor, editor,
chefe de Redacção e, finalmente, secretário-geral. Assinou pequenas e grandes
reportagens, imensos textos de opinião, simples notícias. Apesar do jornalismo,
que abraçou com o entusiasmo que esta profissão suscita, manteve sempre uma
estreita ligação à Igreja, desempenhando, paralelamente, as tarefas que a
diocese lhe destinou.

“A
Família, o Modelo Cristão para o Mundo de Hoje”seguiu-se a duas outras
conferências, trazidas à Póvoa pelo padre José Luís Borga e pelo Cónego José
Paulo Abreu, incluídas nas comemorações dos 250 anos da Igreja Matriz. No dia
23 de Março chega ao fim este ciclo de conferências com a participação de
Daniel Serrão, que propõe como tema “As Manipulações genéticas e a Ética e
Moral Cristãs”, também às 21h30, no Centro Paroquial da Matriz.