Para apresentar estes livros estiveram presentes o Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino e a Diretora do gabinete de Projetos Culturais/ Cine-Teatro Garrett, Manuela Ribeiro.

Manuela Ribeiro começa por explicar que a ideia de escrever o livro d’escritas 1 dia surgiu em 2017, na 18ª edição do Correntes d’Escritas, quando foi lançado um desafio a vários autores, para um trabalho de residência de 1 dia. Assim, juntaram em grupos de quatro, 16 escritores, nos seguintes espaços identitários da Póvoa de Varzim: Casa Manuel Lopes, Fundação Dr. Luís Rainha e o Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.

O objetivo da ideia que há dois anos nasceu está à vista hoje, nesta 20ª edição e Manuela Ribeiro lembrou como se passou da ideia, ao livro, “este livro resulta de uma outra loucura, que foi a residência de alguns autores em espaços identitários da Póvoa, depois de se instalarem, os autores começaram a sentir a energia dos lugares e, de seguida, experienciaram essa oportunidade de estarem naqueles sítios a trabalhar, através dos textos, das fotografias e de outros livros”.

Entretanto, e já com a Sala de Poesia completamente cheia, Manuela Ribeiro falou do dicionário Palavras Correntes que é “um início de um dicionário”, porque depois de tantas edições havia já uma série de palavras que para cada um definiam o que é esta experiência do Correntes d’Escritas. Os escritores colecionaram algumas palavras que agora estão guardadas para sempre neste dicionário. O objetivo principal deste dicionário é que todos os anos se acrescentem mais palavras e, assim, vá crescendo ao longo de edições futuras.

Antes de passar a palavra ao Vereador da Cultura, Manuela Ribeiro, a grande impulsionadora deste projeto agradeceu a todos que trabalham, para que, ao longo de tantos anos, em fevereiro o Correntes se levante. No final deixou ainda, um agradecimento especial à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim “que nunca deixou de apoiar as Correntes, mesmo nos momentos difíceis”.

O Vereador da Cultura falou ao público da história, que já conta com 20 edições, do Correntes d’Escritas e da sua vontade pessoal, como professor, de fazer na Póvoa um encontro de escritores.  Luís Diamantino referiu que “todos os anos nascem novos escritores e novos leitores graças a todos os que cá estão presentes e ao trabalho que tem sido feito por uma equipa fantástica”.

Em relação aos dois livros “que temos aqui, foi uma experiência fantástica para todos, tanto para os escritores, como para os fotógrafos”. Admitiu que se riu muito ao ler algumas passagens do livro d’Escritas 1 dia e que “ao ler estes textos, tenho de escrever qualquer coisa sobre isto, porque de facto foi uma experiência inesquecível”.

No final, agradeceu aos escritores por terem tornado possível esta ideia que ajuda a aguardar todas as histórias que são contadas no Correntes e “são as histórias e as palavras que ficam guardadas nas nossas memórias”.

O dicionário “como a Manuela disse e bem não é para imitar um dicionário que já existe”, mas sim para acrescentar mais palavras às que já foram deixadas em papel.  

Acabou dizendo que é muito bom ver que as Correntes d’Escritas já são um bocadinho de todos os que regressam à Póvoa para assistir a este encontro ímpar.

Na mesma manhã, na Sala Geografia, também nas Euracini 2 foram lançados os livros Experimentais Poépicos, de Lopito Feijóo e Os Blumthal– Uma história real de vidas sacrificadas às piores utopias e tiranias do Século XX, de José Milhazes.

Para apresentar o livro Experimentais Poépicos, Lopito Feijóo convidou Mbat Pedro, que antes de falar pediu ao poeta João Rateiro que lesse um dos poemas que faz parte do livro. Depois da leitura, Mbat Pedro começou por confidenciar que foi convidado para apresentar o livro no dia anterior e, por isso, tinha passado a noite a ler. Quando acabou de ler o livro do seu amigo Lopito Feijóo percebeu que o leitor tinha de estar inteiro quando se depara com aquela obra, tem de perceber todas as camadas do livro, o que exige muita atenção. Ainda sobre o livro Experimentais Poépicos, o autor acrescentou que lhe perguntavam como conseguia escrever um livro por ano e, a resposta está no tanto que “escavo as palavras e que vou continuar a escavar” porque ainda há muito para escrever e acabou relembrando que é o único poeta angolano que vive da poesia.

O livro Os Blumthal– Uma história real de vidas sacrificadas às piores utopias e tiranias do Século XX escrito por José Milhazes conta a histórica verídica de uma família que viveu na Estónia e que passou por episódios difíceis, muitas vezes por causa da tirania de alguns políticos e ditadores. “É muto bom voltar à Póvoa, a cidade onde nasci” foi assim que José Milhazes começou, para depois contar a história que escreveu neste livro, que foi o mais doloroso de todos. Como se tratava de uma história real, baseada em factos da vida da família da sua mulher, toda a família ajudou a construir este livro que está documentado com provas históricas.

José Milhazes resolveu debruçar-se sobre este assunto familiar, pois como historiador o que mais gosta de estudar e conhecer é a micro-história, a história da família e, depois de uma conversa em família a ideia de escrever este livro tornou-se uma realidade.

Acompanhe o 20º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes. Consulte o programa completo do evento e fique a par de todas as novidades.