Os modelos dos edifícios escolares dos anos 30, que unificaram a imagem das escolas por todo o país, edifícios de referência no coração da cidade do Porto, como aquele em que funcionou o jornal “O Comércio do Porto” e a respectiva garagem, o hotel Infante Sagres, o edifício Maurício Real e o Palácio Atlântico, três das primeiras pousadas de Portugal, construídas nos anos 40, são algumas das obras mais conhecidas do arquitecto Rogério de Azevedo, que ontem foi o tema do último “11 documentos… 11 meses… 11 conversas”, no Arquivo Municipal.
Apesar da importância da sua obra, que se situa na transição para o modernismo,
na arquitectura portuguesa, Rogério de Azevedo é um arquitecto pouco estudado e
divulgado, uma situação que o professor Jorge Pimentel vai, com certeza, alterar
com a tese de doutoramento que está a realizar sobre este arquitecto português.
E foi baseado neste seu estudo, que o professor da Escola Superior e Artística
do Porto deu a conhecer a obra de Rogério de Azevedo, que também deixou a sua
marca na Póvoa de Varzim, mais concretamente nos edifícios do Casino e do Grande
Hotel e na recuperação da capela-mor da igreja românica de São Pedro de Rates,
que não voltou a sofrer alterações.
Nascido em 1898, no Porto,
Rogério de Azevedo colhe influências da escola francesa e italiana através de
José Marques da Silva, de quem foi discípulo, mas integra também na sua obra
aspectos “regionalistas”, na medida em que recorre a materiais típicos das
regiões em que os seus projectos se inserem e em que recupera a forma
tradicional dos edifícios característicos dessas mesmas regiões – as escolas e
as pousadas serão, talvez, o exemplo mais concreto deste
aspecto.
O conjunto da sua obra
abrange, sobretudo, edifícios públicos, sendo notória uma integração de
elementos modernistas mas também a predominância de elementos clássicos, como é
o caso do edifício do Comércio do Porto, de 1931, onde a formação clássica é
visível, segundo Jorge Pimentel, na lógica da composição sintética, com o
predomínio de linhas verticais. O contraste faz-se com a garagem deste mesmo
edifício, onde são nítidos os valores modernistas.
A
obra de Rogério de Azevedo e a sua importância para a arquitectura portuguesa
vai ainda ser abordada numa exposição que o Arquivo Municipal planeia organizar
para o ano que vem, em colaboração com o professor Jorge
Pimentel.