“Cada
família deverá inventar diariamente a sua maneira de viver.” Esta frase de
Daniel Sampaio pôs fim à apresentação de Conceição Prisco que, perante uma
plateia de pais afirmou que não há receitas para educar os filhos, o importante
é promover neles sentimentos de segurança e convicção, reforçando o seu sentido
de responsabilidade no dia-a-dia. Sobre os comportamentos de risco na
adolescência, a psicóloga fez uma exposição bastante abrangente referindo-se
aos sinais de alerta a que os pais devem estar atentos perante os problemas e
consequentes atitudes para ajudar os filhos a ultrapassá-los. Conceição Prisco
alertou para a importância do tempo que é necessário que os pais tenham para os
seus filhos revelando que o tempo que os pais portugueses passam com os filhos
é dos mais baixos da Europa. “Conversem com os vossos filhos” aconselhou
lembrando que é importante saber ouvir, “quando não souber o que dizer, espere
e ouça” porque um ambiente de compreensão e afecto é imprescindível na relação
pais e filhos. Outro aspecto muito importante é a definição de regras que devem
ser estabelecidas e negociadas, mantendo a comunicação e o respeito porque
“educar não é seduzir” e “o papel do pai é ser pai e não par”, pois tem um
papel fundamental no apoio aos filhos e na prevenção de situações
problemáticas. Os problemas na adolescência abrangem diferentes áreas que
interferem não só com o estado psicológico mas também com o aspecto físico,
como: anorexia, bulimia, obesidade, depressão, isolamento, suicídio, bullying, cyberbullying, consumo de substâncias psicoactivas como álcool,
tabaco e drogas ilícitas e sida.

Convencido
de que a maior parte dos jovens não vive estes problemas, Luís Diamantino considera
que mesmo assim é bom alertar e prevenir os comportamentos de risco. O Vereador
da Educação, pai e professor falou sobre três aspectos que considera essenciais
na adolescência: as expectativas, o reforço positivo e a criação de laços. “É
tanto maior a probabilidade de atingirmos a felicidade quanto menor são as
expectativas” afirmou, reforçando que é bom que sejamos ambiciosos no entanto
as expectativas não devem ser demasiadas e enquanto pais devemos estar atentos
a todos os sinais, não nos podemos fechar porque os nossos filhos precisam de
uma referência, de um farol. Luís Diamantino concluiu chamando a atenção para a
necessidade de saber escutar os filhos e para a importância de a felicidade ser
vivida em todos os pequenos momentos e gestos, quer através de um abraço ou de
um beijo.

Também
no papel de pai e como agente da autoridade, o Comissário Gomes considera que é
importante criar regras e incutir valores nos adolescentes assim como
incentivá-los a tomar decisões correctas. O Comissário alertou para problemas
como o álcool e a droga que são provocados por interesses económicos que
permitem que os estabelecimentos nocturnos estejam abertos até de manhã e se
tornem espaços propícios ao consumo destas substâncias. O Agente abordou também
o Direito e Código Penal que só deve ser aplicado em situações limite e a
intervenção penal que só é feita a partir dos dezasseis anos quando não há
outra solução para o problema. Até essa idade os adolescentes que cometam
crimes sofrem intervenção tutelar. Como membro da Polícia de Prevenção, o
Comissário Gomes procura promover uma cultura de segurança nas escolas de modo
a determinar e erradicar problemas de risco nos estabelecimentos de ensino.

Enquanto
Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Póvoa de Varzim
(CPCJ), Lucinda Delgado referiu-se ao funcionamento da entidade que tem um
papel fundamental no concelho procurando promover os direitos da criança e do
jovem e de prevenir ou pôr termo a situações susceptíveis de afectarem a sua
segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral. Sobre a
Comissão, referiu ainda que esta desenvolve um trabalho discreto mas muito
importante e que envolve muitos elementos enumerando algumas instituições com técnicos
especializados em várias áreas e com as quais trabalham em rede, nomeadamente o
Centro Hospitalar Póvoa de Varzim – Vila do Conde, o Projecto de Intervenção de
Apoio à Comunidade (PIAC), o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), a
PSP, entre outros. Lucinda Delgado apontou ainda o papel de mediador,
recentemente criado nas escolas, e que desenvolve, através da criação de um
gabinete de apoio aos alunos com um psicólogo, um papel muito importante de
filtragem dos problemas esgotando todos os mecanismos antes de serem
comunicados à CPCJ. Para além de dirigir a comissão, como mãe e professora,
Lucinda Delgado considera que a família tem que ser um pilar fundamental na
educação das crianças e “temos que arranjar tempo para dizer aos nossos filhos
que gostamos deles”, continuou, acrescentando “quero que os meus filhos me
sintam como uma âncora”.

Como psicólogo, Pedro Teixeira considera
fundamental a responsabilização das crianças, adolescentes e jovens porque “só
depois de cumprida a consequência e percebida a lição é que está tudo bem”,
afirmou, sensibilizando os pais para o papel dos psicólogos e professores que
se desenvolve a pensar no melhor para os filhos mesmo quando se trata na
aplicação de medidas de coacção. O psicólogo alertou ainda para a questão do bullying que definiu como uma violência
intencional e repetida que se baseia numa assimetria de poder no sentido em que
o agressor é mais forte, mais popular ou tem estratégias mais sofisticadas do
que a vítima.

Esta
iniciativa foi promovida pela Direcção do Agrupamento e da Associação de Pais da
Escola do Cego do Maio com a colaboração do Serviço de Psicologia e Orientação e
da Associação de Pais da Escola Secundária Eça de Queirós.