Com início marcado
para as 22h00, no Auditório Municipal, esta é uma peça de Peter Cann, trazida a
cena pelo Teatro Regional da Serra de Montemuro. É a dramatização de uma lenda
da região, que conta a história de um anjo que aparece na serra mas que não tem
asas. “1755. A
terra treme. O mar ruge. Ondas do tamanho de uma casa caiem sobre Lisboa.
Corpos espalhados. O fedor a morte. Gritos de mágoa sem fim. Uma figura branca:
Estava a dormir. A trave desabou sobre suas costas. Cortou-o quase ao meio.

Acordou. Dor.
Sangue. Morri? Inferno? O que aconteceu? Onde estou? Onde está ela? Lágrimas de
dor. Como aguentar esta chaga às costas? Perdido. Caminhar. Caminhar.
Caminhar…

Deixou a cidade por
trás e andou, descalço pela estrada fora. Não sentia as pedras a cortar os pés,
o frio da noite, a ferida aberta que lhe atravessava as costas. Só comia quando
alguma alma generosa lhe desse de comer. Bebia água dos ribeiros. Dormia nas
valetas. Ficou fraco, cada vez mais fraco. A pele branca, quase transparente,
como a camisa de dormir que ainda vestia. Passados muitos dias subiu a serra.
Procurava o fim do mundo, o sítio onde a terra acaba e começa o abismo. Álvaro,
o pastor cego que guardava o seu rebanho encontrava-se no cimo do monte, como
em tantos outros dias. Mas neste tudo mudou…um milagre! Os seus olhos voltavam
a ver! ‘O velho Álvaro vê! Viu um anjo! Um anjo na serra!’

Está magoado. Tem
grandes feridas nas costas. ‘É aqui… é aqui que deviam estar as asas… foram
arrancadas do corpo… foi o vento. Aquele vento tinha força suficiente para
arrancar um anjo dos céus’. Quem se atreveu a cortar as asas de um anjo de
Deus?
Eles sabiam o que fazer com ele. Deram de comer e de beber ao anjo do
Montemuro. ‘Venham ver, venham ver. Uma moeda para ver o Anjo do Montemuro’.”

Com uma duração de
75 minutos, a peça foi traduzida por Graeme Pulleyn e encenada por Steve
Johnstone.

Os bilhetes podem ser adquiridos uma hora antes, no
local do espectáculo, de acordo com o seguinte preçário: cinco euros o bilhete
normal; 3,75 euros o bilhete para menores de 25 ou maiores de 65 anos,
estudantes, reformados, desempregados, portadores de deficiência e ainda grupos
de mais de 8 pessoas; 2,50 euros para sócios do Varazim Teatro. Crianças até
aos 12 anos não pagam.