Antero Simões foi o convidado deste mês de “À quarta (h)à conversa”, no Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim. O tema da sessão que teve lugar este dia 19 de março, pelas 15h00, foi “Eça, o Documento, a Póvoa”.
Antero Simões publicou, em 2013, um livro dedicado a Eça de Queirós, intitulado “O meu irónico e trágico Eça de Queirós”, que considera “um dos mais polémicos mestres da língua nacional”.
O antigo professor da Escola Secundária Eça de Queirós mostrou-se profundamente apaixonado pela obra do escritor do Realismo, ao ponto de se dedicar à produção de uma segunda obra. Antero Simões anunciou nesta sessão que, se no primeiro livro se debruçou sobre a vertente mais polémica do escritor, já na segunda obra – que prevê lançar ainda este ano – vai abordar o Eça e a sua visão patriótica.
Antero Simões começou por salientar que “o que menos interessa no Eça é a sua naturalidade, algo que importa mais aos familiares e amigos, porque o interessante no Eça é muito mais o Artista do que o Homem”. De qualquer forma, o autor considera mais fiável a versão dos próprios pais e até do escritor, que atestam a naturalidade da Póvoa de Varzim de um homem que “nasceu pobre, mas que acaba por se tornar o escritor mais universal, ao nível de Camões e de Pessoa”.
Antero Simões foi apresentando ao longo de mais de uma hora documentos comprovativos de que Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, em que o mais antigo de que tem conhecimento é o pedido de admissão de Eça ao jurídico, de 1861. E um dos documentos mais esclarecedores, de acordo com Antero Simões, é a declaração da mãe de Eça de Queirós de 1906, altura em que foi colocada a placa alusiva na casa em que o escritor terá nascido (na Praça do Almada, Póvoa de Varzim), onde escreveu: “Venho assegurar que meu filho José Maria nasceu na Póvoa de Varzim (…)”
Antero Simões alinhou ainda na defesa do estudo realizado pelo historiador poveiro Fernando Barbosa, que apresenta como resultado mais preciso para o local de nascimento de Eça de Queirós uma casa na Rua da Junqueira, referindo que a escolha da colocação da placa na casa da Praça do Almada será um simbolismo.