É um mergulho na
memória de Angola que o escritor propõe com esta nova obra,
fixando o olhar nos guerrilheiros para, a partir das suas vozes, captar a
guerrilha como uma vivência em movimento, como a realidade de um presente que
ainda não poderia conhecer os erros, os acertos, a euforia, a frustração. Nessa
mescla de testemunho e ficção, Luandino, com sua inquietante radicalidade,
leva-nos por uma viagem marcada pelo risco, arrastando-nos para um turbilhão de
imagens e sentidos que impossibilita qualquer hipótese de sossego diante do
texto. Assim, como diante da extraordinária realidade que a escrita tão concisa
consegue representar.

José Luandino Vieira nasceu na Lagoa do Furadouro,
Portugal, mas tornou-se cidadão angolano pela sua participação no movimento de
libertação nacional e contribuição para o nascimento da República Popular de
Angola. Trabalhou em diversas profissões até ser preso em 1959 (Processo dos
50), é depois libertado e posteriormente, em 1961, é de novo preso e condenado
a 14 anos de prisão. Transferido, em 1954, para o Campo de Concentração do
Tarrafal, onde passou 8 anos, foi libertado em 1972, em regime de residência
vigiada em Lisboa. Iniciou então a publicação da sua obra, na grande maioria
escrita nas diversas prisões por onde passou. Na sua bibliografia estão
incluídas obras para crianças, como A
Guerra dos Fazedores de Chuva com os Caçadores de Nuvens
, onde também
constam desenhos do autor. Recentemente publicou Nosso Musseque (2003); A Vida
Verdadeira de Domingos Xavier
(2003); Nós,
os do Makulusu
(2004); João Vêncio:
os Seus Amores
(2004); Luanda
(2004); No Antigamente, na Vida
(2005); Macandumba (2005); Velhas Estórias (2006); Lourentinho, Dona Antónia de Sousa & Eu
(2006); De Rios Velhos e Guerrilheiros –
o Livro dos Rios
(2007); Vidas Novas
(2007); A Cidade e a Infância
(2007).