Póvoa de Varzim, 28.02.2014 - Um grupo de profissionais da pesca do cerco, atualmente em época de defeso, visitou esta quinta-feira, dia 27, o Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.
O grupo incluiu formadores e formandos no âmbito de uma ação formativa sobre reciclagem, com a preocupação de melhor conhecer as origens da sua comunidade, suas tradições, etnografia e, em particular, as “siglas poveiras”.
Os 25 pescadores – desde jovens em início de carreira, até homens maduros, tisnados por longos anos de pesca – e seus formadores, puderam contactar com imagens e objetos ligados à atividade pesqueira de outrora e, em franco diálogo, contar as suas experiências e memórias.
A visita decorreu no dia 27 de Fevereiro, data em que se comemora o triste evento do naufrágio que enlutou a comunidade poveira, amputada em mais de 80 vidas, de pescadores que, apanhados numa “medonha tempestade” – nas palavras da época – foram devorados pela ferocidade das ondas. Este evento também foi recordado pelos visitantes, que puderam ver imagens e gravuras da época, em que o peso da tragédia foi vagamente minorado pela solidariedade de todo o país e dela nasceu o embrião do Instituto de Socorros a Náufragos, que, ainda hoje, zela pela segurança dos homens do mar.
As siglas poveiras, sua origem e regras de transmissão foram amplamente analisadas, bem como as antigas tradições, os jogos infantis e as brincadeiras de criança na ribeira ou na “fabita” – onde os pescadores aprendiam a amar o mar. Poveiros e Caxineiros puderam conviver com a sua herança comum, as “conhecenças” e saberes dos velhos pescadores de outrora.
Uma visita proveitosa, que serviu para reavivar a tradicional ligação entre o Museu Municipal, fundado por Santos Graça, e a comunidade piscatória poveira, que é a génese deste Museu.