Esta iniciativa tem
como objectivo apresentar temas da história local ou, como ficou provado na
sessão de hoje, reavivar e valorizar as recordações de quem viu a Póvoa crescer
e evoluir de encontro ao que é hoje. De facto, cada imagem da “antiga” Avenida
exibida fez surgir, entre os participantes, velhas lembranças das casas
“lindíssimas” que embelezaram a Avenida, como o Palacete de Delfim Martins
Flores ou a casa de David Alves (entretanto demolidas), a Villa Miosótis (ainda
de pé e bem conservada), o café Ribeiro, onde hoje se ergue o edifício Sopete,
a farmácia do Dr. Cardoso, o
local onde paravam as carreiras que iam para Braga….

A história desta
importante avenida começa ainda antes do início do século XX, quando em Maio de
1891 chega à Câmara Municipal um requerimento por parte de alguns moradores que
pediam que se “rasgasse” uma rua desde o Largo das Dores (nascente) até ao
Passeio Alegre (poente, junto ao mar), um “bairro para banhistas” com o intuito
de acompanhar o crescimento da Póvoa de Varzim enquanto estância balnear e colocá-la,
também, em pé de igualdade com outras vilas costeiras, como Vila do Conde ou
Espinho. Estes moradores anunciavam, mesmo, a sua predisposição para ceder, a
título gratuito, os terrenos, facilitando, assim, o processo de expropriações.
À vontade destes moradores juntou-se David Alves, importante figura política da
Póvoa de Varzim e um dos grandes impulsionadores da obra.

quarta conversa dezembro

No entanto, a
Avenida cedo ficou conhecida como Avenida da Discórdia, dado o debate que gerou
– para uns a Avenida era um luxo, para outros uma necessidade, outros ainda
preocupavam-se com o investimento que seria necessário fazer. Mas a pouco e
pouco o projecto foi avançando e, em Dezembro de 1893, segundo uma Acta de Reunião
da Câmara, é referida novamente a urgência da obra, que, defendiam, iria contribuir
para a modernização da Póvoa de Varzim e para um melhor ordenamento das ruas.
Três anos depois, e em nova
Acta de Reunião, é pedida a rectificação e reorganização do orçamento para que
se aumentasse a largura prevista da Avenida para 22 metros. No ano
seguinte, em 1897 começa a construção. Em 1902 estava praticamente concluída,
mas entraves à expropriação de alguns terrenos levaram a que a Avenida só fosse
inaugurada em 1906.

Outro facto interessante
referente à Avenida é que, mesmo antes da sua inauguração, já o nome estava
escolhido: Mousinho de Albuquerque, como forma de homenagem a um heróico
militar nascido na Batalha em 1855 (morreu em Lisboa em 1902), que desempenhou
funções de Administrador na África Oriental Portuguesa. Mousinho de Albuquerque
foi também preceptor do Príncipe Real D. Luís Filipe de Bragança e foi nessa
qualidade que, em 1901, acompanhou o Príncipe numa visita à Póvoa de Varzim
“para conhecer a praia de banhos da
Póvoa e as ruas onde moravam os pescadores”.

Através de imagens, que muitos dos presentes
recordaram como sendo “do nosso tempo”, acompanhou-se a evolução da traça da
Avenida, que começou por ter dois largos passeios, com dois renques de árvores,
e apenas uma faixa de rodagem. Em 1930 a Avenida é remodelada na sua totalidade,
e é neste período que surge o separador central, com árvores, e duas faixas de
rodagem. Em 2008 deu-se por terminada a
mais recente intervenção na Avenida Mousinho, que agora
apresenta uma traça mais moderna, com uma maior área pedonal, tendo
desaparecido o separador central. Mas uma característica mantém-se, como no ano
da sua construção: a vista de mar é sempre garantida e a Avenida é, ainda hoje,
uma das mais importantes artérias da cidade.