A autora de Teatrinho de Romão contou a sua história aos jovens que depois a surpreenderam com a dramatização da peça.  

Nas palavras da autora, esta obra reúne “três pecinhas para robertos de luva” baseadas em contos tradicionais portugueses, tal como recolhidos por Teófilo Braga e também reproduzidos nesta obra. As “pecinhas” em causa são “Os Dez Anõezinhos da Tia Verde-Água”, “Frei João Sem Cuidados” e “O Mata Sete”, uma escolha que Luísa Dacosta justifica por estas serem histórias que ela própria ouviu vezes sem conta da boca de sua mãe, histórias tradicionais que tanto gostava de ouvir e que descreve como “tesouros do povo, espertezas, sabedoria vivida”. Teatrinho do Romão constitui portanto uma tentativa louvável de manter viva a tradição popular dos teatros de robertos, sendo ao mesmo tempo uma evocação emocionada de uma meninice povoada de contos tradicionais e tornada mítica pelo passar dos anos.

No âmbito desta iniciativa, também José de Azevedo e Fedra Santos, escritor e ilustradora de Joaninha, a última sereia, estiveram reunidos com alunos da Escola E.B.1 Sininhos, no Diana Bar. Esta sessão, em torno do livro Joaninha, a última sereia despertou o entusiasmo e prendeu a atenção dos mais novos do princípio ao fim.

Sobre as personagens do livro, o autor conta que “no imaginário do pescador da Póvoa, a sereia é uma personagem mítica, sempre presente, simbolizando o mistério que o mar tem dentro de si. Naturalmente que os pequenos pescadores, ratos-de-água como são chamados, gostariam de as ver, senti-las por perto, falar com elas”. E é sobre a Joaninha, uma sereia, e o Luís, um pequeno pescador, que a história se vai desenrolando. Mas, afinal, em quem é inspirada esta última sereia? José de Azevedo desvenda: “Por volta dos seis anos, a minha neta Joana começou a pedir-me histórias. Eu, pouco habituado, e com repertório muito reduzido, lá lhe ia contando e recontando a Branca de Neve ou a Gata Borralheira. Até que a certa altura ela me disse: só sabes essas duas? Quero histórias novas. E eu embasbaquei. Mas não querendo dar parte de fraco perante aquela Azeveda curiosa, como morava frente ao oceano, olhando para os barcos e penedos, ia inventando histórias sobre o mar, sobre a beleza dos barcos à vela, sobre peixes esquisitos e sobre sereias que entoavam canções de embalar e de encantar. Inventa daqui, inventa dacolá, lá conseguia calar, e muitas vezes adormecer a Joaninha”. E foi à Joana Azevedo, e aos outros cinco netos, que José dedicou esta primeira aventura infantil. Num momento de extrema ternura todos foram chamados para receberem o livro da sereia apaixonada. “Gostava que fossem eles os primeiros leitores e os primeiros críticos”, terminou.

Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura e Educação, esteve presente e partilhou o momento.

Muitas outras histórias e autores foram abordados durante toda a semana, quer na Biblioteca Municipal ou Diana Bar, quer em diferentes estabelecimentos de ensino, em torno da promoção da leitura e da difusão de boas práticas concretizadas no âmbito do Plano Nacional de Leitura.

Sob a temática “Um Mar de Histórias”, realizaram-se um conjunto de iniciativas desde as leituras, encontros com escritores, oficinas criativas, poesia, divulgando a relevância histórica e cultural do mar na construção da identidade do povo português.