O livro das actas
foi apresentado por Henrique Barreto Nunes que começou por referir o “elenco de
luxo” que o Seminário 20 anos de leitores e bibliotecas conseguiu reunir, há
pouco mais de um ano, Maria José Moura, “a mãe de todas as bibliotecas”, Teresa
Calçada, José António Calixto, Manuela Barreto Nunes, Isabel Sousa, Paula
Morão,  José Carlos de Vasconcelos, Luísa
Dacosta, o livreiro Alberto Bago e Luís Diamantino, “um vereador da cultura que
é um homem verdadeiramente culto que até cita Michel Melot” elogiou, “só não
esteve cá o Manuel Lopes que esteve sempre nas palavras e pensamentos de todos
pelas pegadas fortes que deixou”. Referindo-se às principais ideias deixadas
pelos especialistas, bibliotecários e técnicos que debateram o desenvolvimento
da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e tiveram um contributo único para o
aprofundamento da Rede, Henrique Barreto Nunes terminou fazendo um apelo “a
todos quantos acreditam no poder do livro, leiam estas actas cujo conteúdo é
muito enriquecedor” e sublinhando a “necessidade de realizar um encontro que dê
voz a novos bibliotecários e ilumine as nossas ideias”. “Numa sociedade que
cultiva o mediano e o mediático, as bibliotecas públicas oferecem caminhos que
nos elevam e estas continuarão a ser sempre refúgio da memória e nós,
bibliotecários, continuaremos sempre de olhos voltados para o futuro”, conclui
o apaixonado pela biblioteca pública e, por isso, uma referência no nosso país.

Realçando o apoio e
disponibilidade da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas enquanto
representante máxima deste serviço público que visa promover a cidadania, Paula
Morão também fez alusão ao seminário referindo que “foi com muito empenho e
gosto” que nele esteve presente e uma vez mais reconheceu o trabalho exemplar
da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.

À representante da
Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, Luís Diamantino deixou uma palavra
de apreço pela sua presença referindo que “é uma pessoa que está sempre
disponível demonstrando entrega, dinamismo e boa vontade. Convicto do excelente
trabalho que tem sido desenvolvido pela Biblioteca Municipal, Luís Diamantino
afirmou que “esta biblioteca tem levado o livro aos lugares mais inesperados, à
praia, ao hospital, aos centros sociais, às creches, à rua comercial, ao
jardim” e deixou já a sugestão “quem sabe ao Centro de Saúde?”. “A biblioteca
não pode ficar à espera do seu cliente, deve ser provocatória, ir fora de
portas e esta biblioteca é um exemplo acabado disso, com bibliotecas escolares
em várias escolas do concelho e pólos de leitura espalhados por diferentes
freguesias” explicou. “A biblioteca está com uma dinâmica imparável” continuou
o autarca lisonjeando o trabalho desenvolvido por todos quantos nela trabalham.
O Vereador não pode deixar de referir “o homem que fez escola nesta casa e
todos recordámos com saudade”, anunciando que em 2009 está prevista a abertura
da Casa do Manuel Lopes. “Ao visitarem esse
espaço, que para mim é sagrado, vão
ver que é um complemento desta biblioteca, ele deixou aquela biblioteca para
completar esta que era a sua casa”, afirmou Luís Diamantino que, deixando de
falar de Manuel Lopes se dirigiu a uma “poveira de coração”, Luísa Dacosta cujo
trabalho identifica com “verdadeiras aulas de encantamento e magia pura que nos
embalam” e acolher o lançamento do seu livro é “motivo de imenso orgulho”.

Luisa Dacosta

Um livro cuja esmerada apresentação esteve a cargo
de Paula Morão que começou por chamar a atenção do público para o aspecto
gráfico do mesmo e para a sua beleza enquanto objecto, referindo-se, de
imediato, ao facto de, à semelhança do primeiro volume, este diário também
começar com epígrafes. Paula Morão denota “uma relação de continuidade, de
espelho entre os volumes, muito sensível, evidente e clarificadora para os
leitores que leram o primeiro volume” e em Um
Olhar Naufragado [Diário II]
“há uma percepção do mundo através do olhar”,
neste livro “a narradora situa-se de uma maneira que faz captar o mundo dos
outros e integrar elementos do mundo de outras pessoas”. Paula Morão referiu-se
também à presença dos mitos e do universo de Camilo Pessanha no livro de Luísa
Dacosta onde percepcionamos a permanência das coisas para lá da sua vida
própria, a escrita garante-lhes permanência através da descrição de paisagens e
objectos e do retrato de pessoas. A evocação das mulheres de Aver-o-Mar, já
retratada nas crónicas da Luísa Dacosta, surge também neste volume que, noutra
linha de leitura, demonstra ainda as preocupações cívicas da escritora que
alerta para acontecimentos de ordem social e política. “Um diário é sempre múltiplo
e vulgar e surge de pessoas que têm um mundo interior e são capazes de julgar a
sua interioridade fazendo obras que nos implicam”, concluiu Paula Morão
recomendando vivamente a leitura das páginas apaixonantes que compõem o Diário II de Luísa Dacosta e que a
autora partilhou com o público lendo três textos. “Uma vez que sou mulher vou
ler três textos sobre mulheres e como «poveira que sou» e estou na Póvoa de
Varzim vou começar pelas mulheres de Aver-o-Mar e depois sobre todas as
mulheres”, afirmou Luísa Dacosta deliciando os presentes com as suas leituras.