Depois de um percurso de 12
quilómetros a pé, nada podia ser mais aguardado do que um lugar para repousar
as pernas e um jantar, encerrado com as tradicionais queimada e tarte de
Santiago, que acabam por renovar as forças dos “peregrinos” para uns passinhos
de dança na eira da Casa do Lavrador, em Rates. Foi aqui, mesmo ao lado do
Albergue do Peregrino, que terminou uma tarde pelos caminhos de Santiago,
organizada pelo Museu Municipal, e que reuniu mais de uma centena de
participantes.

Foram, portanto, muitos aqueles que
quiseram experimentar aquilo por que passa um peregrino no mítico Caminho de
Santiago, que, num dos seus percursos, passa pela vila de São Pedro de Rates.
Sábado, ao início da tarde, o grupo reuniu-se perto da igreja românica para daí
seguir, em autocarro, até à ponte medieval D. Zameiro, onde se iria iniciar a
caminhada de perto de 12 quilómetros, de volta a Rates.
A primeira paragem não tardou muito
e fez-se logo nas imediações da ponte, na capela de Nossa Senhora da Ajuda,
pois era necessário benzer as mochilas dos “peregrinos” que, em conjunto
oraram, pedindo forças e protecção para o caminho que os aguardava – “Apóstolo
Santiago, rogai por nós”, terminava a oração, dita sob um sol intenso, que
fazia prever algumas dificuldades para o percurso.
Felizmente, o tempo não foi duro
para com o grupo, que seguiu animado e em bom ritmo, parando no caminho para
ver a belíssima igreja de São Simão da Junqueira, exemplar da arte barroca,
construída ao lado de um antigo mosteiro do século XI-XII. No interior da
igreja, ladeando o altar-mor, as imagens de São Judas Tadeu e de São Simão,
vestido com os trajes de peregrino de Santiago e retábulos e imagens religiosas
de grande beleza, a justificarem uma visita.
Do século XVII, o caminho recuou
para o Neolítico, período em que terão sido construídas as Mamoas de Fulom,
túmulos descobertos no final do século XIX e cujo interior foi pilhado e
destruído, restando só o grande relevo no terreno a assinalar a sua existência.
Os vestígios da antiga “Estalagem das Pulgas”, referida por Camilo Castelo Branco
na sua obra “A Filha do Arcediago”, e assim nomeada depois da experiência
pessoal do próprio autor, foi outro dos pontos do caminho.
Por entre campos e atravessando
estradas secundárias, o grupo levou pouco mais de três horas a concluir o percurso,
que ficou devidamente comprovado pelos carimbos colocados na “credencial do
peregrino” e que atestavam a passagem pelos sete pontos do caminho.

Antes do merecido descanso, na
Casa do Peregrino, houve ainda tempo para uma visita guiada à igreja românica
de São Pedro de Rates, para ficar a conhecer o edifício e as várias obras de
recuperação, que o foram transformando até lhe darem o aspecto actual. A música
das gaitas de foles dos Sons da Suévia animou o grupo quando, já na Casa do Peregrino
se aguardava, ansiosamente o jantar e as nuvens iam encerrando o dia e
prometendo a chuva que haveria mesmo de cair.
Entusiasmados com o sucesso desta
caminhada, muito bem organizada e conduzida, os “peregrinos” falavam já de
regressar, para o ano, mas agora para ir de Rates até Barcelos –  assim haja forças e Santiago guie os nossos
passos.