“Nada melhor do que comemorar os 163 anos de Eça
lançando estas duas obras de um queirosiano convicto” afirmou Luís Diamantino,
Vereador do Pelouro da Cultura, lembrando que tudo o que diz respeito a Eça diz
respeito à Póvoa, cidade onde o escritor nasceu em 1845, que “já de si fez
muito para merecer, de facto, ter como filho Eça de Queirós”.
 

Começando por referir-se ao livro A Guerrilha Literária de Eça de Queiroz – Camilo Castelo Branco,
publicado pela editora António Maria Pereira, Campos Matos revelou o que
efectivamente separa Eça de Camilo: “Eça não supera o sentimentalismo piegas de
Camilo”, sentimentalismo, aliás, considerado absolutamente insuportável por
outros escritores como é o caso de Miguel Torga. Outra característica
identificada por Campos Matos foi o desejo de perfectibilidade de Eça que
Camilo não tinha nem podia ter porque a sua situação económica bem como o drama
da cegueira que o atacou o não permitiam. Queirosiano por excelência, o autor
confessou que nesta obra se denota especial simpatia por Camilo onde a ironia e
o humor são usados para avaliar as relações literárias entre os dois escritores.

campos matos

De foro mais íntimo, foi também apresentada a recente
publicação da Caminho, Eça de Queiroz
Correspondência
, na qual Campos Matos reuniu todas as cartas até agora
conhecidas desde as primeiras que, em 1916, António Cabral publicou na sua
biografia de Eça de Queiroz, pioneira em Portugal. Esta edição resulta de um
cotejo aturado de todas as cartas com os manuscritos e fac-similes disponíveis,
tendo sido dedicado muito tempo à verificação da datação da correspondência
que, nas cartas sem data, apresenta por vezes dificuldades insuperáveis. Essas
cartas foram colocadas no final do acervo obedecendo ao critério do autor “a
correspondência só pode ser editada cronologicamente”. À correspondência
privada juntaram-se mais nove cartas, de carácter público, de grande
importância, retiradas das Prosas
Bárbaras
e das Notas Contemporâneas
e do Mandarim. Apresentam-se ainda no
final dois textos complementares — da autoria de Campos Matos — para a
biografia do escritor: a transcrição do prefácio onde foram publicadas pela
primeira vez as cartas de Emília para o marido e a introdução às cartas
publicadas pela Biblioteca Nacional em 2007. Esta edição apresenta um total de
898 cartas, entre as quais duas
inéditas e duas praticamente desconhecidas, não publicadas em acervos de
correspondência.

Para além da já vastíssima bibliografia que o
Arquitecto Campos Matos publicou sobre Eça de Queirós, ficou a revelação de que
em breve serão apresentadas novas obras e um artigo sobre “Sombras, ocultações
e artifícios em Eça de Queiroz” a incluir no próximo número do Boletim
Cultural.