Carlos Bertão nasceu em 1994, na Póvoa de Varzim, e é estudante de Direito na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Publicou recentemente um poema na VI Antologia de Poesia Contemporânea “Entre o sono e o sonho” sob a chancela da Chiado Editora e atualmente é colaborador no jornal da faculdade “Tribuna”.

O poveiro estreia-se agora na literatura com Queda livre: “vivemos o que é banal e, portanto, somos o que é banal. Perdemos a beleza, a vida apaixonada e o amor, perdemos o espanto e a ingenuidade do olhar, a sensibilidade do pensar e a liberdade de o fazer. Habitamos o reino do híper, do ultrassensível, à medida da fruição imediata e do consumo da aparência num espetáculo de existir contemporâneo, em todo o seu esplendor de aparência e diluição como fogo de artifício que é. A questão é: quando é que deixámos de ser sujeitos e passámos a ser sujeitados? Vivemos uma vida sem paixão e sem beleza, numa total imersão no vazio e na distopia, com tudo o que isso implica. Por isso proferimos a grande recusa. A recusa em ser sujeitado. Com isso escolhemos a angústia e desvelamos o que houver para ver: Apatia face ao relativismo axiológico e à recusa de Deus; hedonismo, que opera como elixir soporífero da angústia e da escolha, introduzido como novo principio moral; sedução, como nova teoria estética; desencanto, perante a decadência do engajamento politico (apesar de sermos ação e projeto e assim os senhores da história); ausência de paixão e instrumentalização da razão, do saber; recusa da estandardização, da rigidez, do conservadorismo, de tudo o que de perto ou de longe se assemelhe ao burocrático; incapacidade do estável e do duradouro; culto do ócio, do presente, do momento e do novo; olhar desesperançado sobre um futuro incerto, fugaz e absolutamente imprevisível. Todas estas tendências vêm-se conjugadas numa atitude, num só, num estar-aí que é sintomático”.