Póvoa de Varzim, 09.07.2010 - "Tudo pertence à mesma família. Todos somos irmãos. Todos somos iguais”. Esta foi a mensagem transmitida por Carlos Carvalho Dias na conferência “Património e globalização na transição da Monarquia para a República” que decorreu ontem à noite, no Arquivo Municipal.
Luís
Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, realçou a sensibilidade extrema de
Carvalho Dias que deu uma “lição sobre globalização e defesa do nosso
património” para além de ter revelado um “conhecimento intrínseco da
literatura”. “Aprendi muitas coisas hoje” confessou o Vereador que apesar de se
considerar uma pessoa optimista prevê um mau futuro no que se refere à
preservação do património. Luís Diamantino afirmou que “é importante
reconhecermos aquilo que temos mas muito mais importante é mantê-lo”. Há
pequenos tesouros que temos que preservar mas esses espaços são alvo de
vandalismo e cada vez se torna mais complicado a sua conservação neste mundo
insensato, acrescentou o autarca.
Carvalho
Dias informou sobre a classificação do património na Póvoa de Varzim sendo que
o primeiro monumento identificado foi a Igreja de
S. Pedro de Rates em Março de 1881 e o Aqueduto de Santa Clara (este,
classificado em Vila do
Conde). Em Junho de 1910 foi
reconhecido o Pelourinho da Póvoa de Varzim e confirmada a classificação de S.
Pedro de Rates e do Aqueduto, ambos como “Monumento Nacional” (M.N.). Em 1933, o Pelourinho de Rates é considerado “Imóvel de
Interesse Público” (I.I.P.), estatuto reconhecido à Fortaleza da Póvoa de
Varzim
em 1960 e após um ano à Cividade de Terroso.
Em 1974, foram
classificados a Igreja de Nossa Senhora das Dores (I.I.P.) e o Edifício da
Câmara Municipal (I.I.P.) e em 1977, o Conjunto Urbano do Passeio Alegre
(I.I.P.) e a Igreja Matriz da Póvoa de Varzim (I.I.P.) e os Antigos Paços do
Concelho, como “Imóvel de Valor Concelhio” (V.C.). O Solar dos
Carneiros foi também identificado como Imóvel de Interesse Público, em 1986.
Nas considerações
que teceu sobre os dois conceitos de Património e Globalização, Carvalho Dias
mostrou que há uma grande relação entre ambos.
“Todos
somos património mundial”, referiu o arquitecto que informou que a necessidade
de preservação do património não é uma questão recente revelando que no século
XIX o património passou a ser
reconhecido como sendo um assunto respeitante a toda humanidade.
O
arquitecto apontou alguns aspectos positivos e negativos da globalização,
relatando alguns episódios pessoais vividos em diferentes lugares do mundo e
emoções sentidas perante as diversas experiências. “No meu entender a
globalização sempre existiu”, aferiu.
Esta é a primeira de um ciclo de conferências que o
Arquivo Municipal organiza no âmbito das Comemorações do Centenário da
Implantação da República, sendo que a última terá lugar a 9 de Dezembro, com
José Augusto de Sotto Mayor Pizarro. Estão ainda previstas conferências a 23 de
Setembro, 21 de Outubro e 4 de Novembro com Fátima Sales, Gaspar Martins
Pereira e Maranhão Peixoto, respectivamente.