Na
passada sexta-feira, Quando os bobos
uivam
fez encher a sala da Fundação Luís Rainha.

O
escritor confessou que “tudo o que conto nas crónicas é real. Mas há histórias
que são grandes demais para serem crónicas. E o discurso deve ser como o
vestido de uma senhora: talhado para a ocasião, elegante e curto, mas comprido
o suficiente para cobrir o assunto”.

“As
minhas histórias são todas baseadas na vida real. Faz-me lembrar uma frase de
Putin em que ele diz ‘Tenho 15 ministros.
Um deles é inteligente, eu não sei é qual deles’
. Há 1% de ficção nas
minhas histórias, eu só não digo qual das partes é. Gosto de diários. Os dias
entram e saem e nós é que vamos ligando as pessoas e os factos, tal como as
crianças vão ligando pontinhos até construir uma imagem. A história é um
processo de elipse, vamos eliminando o que não interessa”, disse Onésimo.

“Sou
muito tradicional. Existiu uma fase em que os livros eram só literatura com
frases muito bonitas. Acho que se devem contar histórias e estas não devem ser
catequeses. Mostram-se os pormenores, mas não se dizem. O leitor quer sentir
que é tido como inteligente. O leitor deve estar sempre inquieto a virar a
página e sentir pena quando o livro termina. É chato quando os escritores não
sabem fazer as tais elipses. Um bom contador de histórias vai desenvolvendo até
dar a volta à história sem o leitor se aperceber. Há pessoas que são chatas a
contar histórias. Contam todos os pormenores, mesmo aqueles que não interessam
para nada. O trabalho do artista é saber juntar tudo”, explicou o escritor.

“Não
publico rigorosamente nada sem a minha mulher ler primeiro”, partilhou Onésimo:
“ela vê pormenores, pequenos erros que eu não vejo”.

Sobre
o título do livro, Onésimo explicou que “duas das histórias do livro têm a ver
com boatos. Essas duas histórias foram chatas, complicadas. Mas tenho por
hábito não fazer caso. Chegou a hora, no entanto, de pegar nelas e transformar
a tragédia em comédia. Os bobos são, então os indivíduos que mandam bocas,
aqueles que não têm qualquer preocupação com a integridade das outras pessoas,
com a verdade. É muito frequente, principalmente na Internet, as pessoas
dizerem disparates, sem escrúpulos”.      

Luís Diamantino, Vereador
do Pelouro da Cultura, afirmou que “és tu (Onésimo) quem está aqui dentro.
Parece inacreditável como o Onésimo vive tantas histórias. A ficção é
ultrapassada pela direita, ou seja, pela realidade. Onésimo faz desfilar neste
livro uma galeria de escritores, políticos e artistas”.