Cividade de Terroso ganhou vida este fim-de-semana

Como
se vestiam os habitantes da Cividade na Idade do Ferro (cerca de 138 a.C), como
viviam, quais as suas tarefas do dia-a-dia, quem eram os seus inimigos, como
guerreavam…. aspectos do quotidiano dos habitantes deste povoado castrejo, que
tem uma grande importância para compreender os inícios do povoamento do
noroeste peninsular, e que foram explicados a um público atento que, no sábado
e no domingo, desafiou o calor e subiu à Cividade para espreitar a vida
daqueles que a construíram e ali viveram.
A
cerâmica, que constitui a maioria dos achados nas escavações da Cividade, foi
um dos aspectos recriados. À mão, ou na roda baixa, os “oleiros” exemplificaram
algumas das técnicas utilizadas na época e que resultavam em diferentes
colorações e formas das peças encontradas. As mulheres dedicavam-se aos têxteis
e negociavam com os comerciantes romanos e cartagineses, que terão passado por
Terroso.

Mas a guerra
foi, sem dúvida, um dos aspectos mais movimentados da recriação. A este
propósito foram mostradas armas e escudos e exemplificadas técnicas de combate
e defesa, com os “guerreiros” bastante aguerridos e a mostrarem como se lutava,
corpo a corpo, só com um escudo como protecção. Curiosamente, como explicou o
arqueólogo municipal, José Flores, nunca foram encontradas armas nas escavações
realizadas na Cividade, o que é um verdadeiro mistério, porque as dificuldades
que os romanos enfrentaram na conquista deste território indicam que os seus
habitantes tinham armas e dominavam tácticas de guerra. Com recurso ao
“Terceiro Livro da Geografia” de Estrabão e ao que se sabe a partir do estudo
de outros locais semelhantes à Cividade de Terroso, é, no entanto, possível,
recriar com um grande grau de certeza os trajes, as actividades das populações
desta época e até mesmo a forma como tratavam os prisioneiros de guerra, a quem
era amputada a mão direita, de forma a nunca mais empunharem uma espada para
atacarem os seus captores. Tudo isto foi também encenado nesta iniciativa do
Museu Municipal, que contou com mais de meia centena de figurantes e decorreu
nas tardes de sábado e domingo, 28 e 29.
Um
autocarro da Câmara Municipal levou, gratuitamente, quem quis assistir sem ter
que levar carro e, a avaliar pelo número de pessoas que participaram neste
evento, parece estar já garantida a recriação de dia 15 de Setembro, que terá
início também às 15h00.