Pablo Neruda deixou a residência na terra a 23 de setembro de 1973. No mesmo dia mas em 1998, o Colectivo Silêncio da Gaveta fixava residência na terra, com um espetáculo poético-musical alusivo à poesia do grande poeta chileno. Hoje, só o dia não tem a distância dos anos.

Com o propósito de escrever 15 anos de palavras ditas com música, o Colectivo Silêncio da Gaveta realiza no dia 23 de setembro, pelas 21h45, na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, uma nova viagem pela poesia de Pablo Neruda, percorrendo o velho caminho com novas paisagens poéticas.

 

Colectivo Silêncio da Gaveta

João Rios – leituras

Tiago Pereira – violino e piano

José Peixoto – guitarra acústica e acordeão

 

João Rios nasceu depois do almoço, numa tarde tórrida de Agosto de 1964. Segundo os seus insuspeitos candidatos a biógrafos não ocorreu terramoto ou estádio delírio por causa de tal facto. Menino dos fósforos, nunca foi detido por posse excessiva de palavras, nem desvio de metáforas. Poeta com uma dezena de livros editados e outros tantos mares navegados, espera escrever um dia um poema num deserto norte-africano.

Tiago Pereira, na casa dos vinte ainda por algum tempo, tem o tempero dos sonhos possíveis. Com o violino tomou todas as fronteiras de assalto e identifica-se em palco pelo talento de adivinhar o tempo das notas, no entanto ainda se distrai com o piano e esquece o frigorífico vazio em casa. Embora seja um reconhecido músico de orquestra, passeia do clássico ao rock com o mesmo à vontade com que rasgou o ventre a sua mãe.

José Peixoto nasceu na década da mini-saia, num berço a ver o mar. Andarilho com certificado internacional, costuma montar a sua assoalhada portátil em montes e vales onde a música se liberta da violência das margens. Salvo uma ou duas unhas partidas, nunca foi ao tapete por acariciar a guitarra pelo âmago. Consta que também namora outros instrumentos sem no entanto assumir o compromisso de os saber tocar.