“Educar pessoas em família” foi o tema do discurso destinado aos pais presentes, alertando-os para valores fundamentais na
educação das crianças e jovens que por vezes são esquecidos. “Oprimidos ontem
pelos pais, mais pressionados hoje pelos filhos, os pais actuais passam um mau
bocado”, afirmou o Professor Catedrático.
Recorrendo à máxima dos semáforos, José Paulo Abreu
fez um apelo aos semáforos vermelhos que habitam o universo infanto-juvenil: a
ausência de valores, a falta de tempo e a violência. Obrigações, deveres e
disciplina são conceitos que já não fazem parte do vocabulário infantil e
“vão-se  assim criando miúdos gelatina,
miúdos tiranos, dos quais os pais optaram por ser vassalos”, referiu o cónego. Um
princípio basilar na educação é saber dizer não, a criança tem que aprender a
viver com limites. Um educador não pode ter medo de ser impopular. A missão dos
pais e educadores é transmitir, comunicar valores que contribuam para um
crescimento harmónico da criança. É indispensável que estes estejam presentes,
não se deve educar por correspondência e muitas vezes “o argumento da falta de
tempo é lançar areia aos olhos do outro”, acautelou o conferencista. Por último, referiu-se à educação Action Man,
caracterizada pela violência que explode nas ruas, reflexo das explosões que
ocorrem em casa com pais e irmãos. Passando ao semáforo amarelo, José Paulo
Abreu distinguiu três tipologias de crianças: os ciberputos, miúdos que ficam
viciados nos computadores e o uso que deles fazem não é controlado e torna-se
prejudicial; as crianças TV, caracterizadas pelo excessivo consumo de televisão
sem qualquer tipo de controlo parental; as crianças turbo, cujo tamanho da
agenda é igual à agenda dos pais, faltando-lhes tempo para brincar. Quanto ao
semáforo verde, este reflecte “tudo aquilo que nos dignifica e faz desabrochar,
o altruísmo”, concluiu o reitor do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo.
Esta conferência foi organizada pela Comissão de
Protecção de Crianças e Jovens da Póvoa de Varzim, empenhada em esclarecer a
comunidade e contribuir activamente para a formação, educação e desenvolvimento
integral das crianças e jovens do concelho.