O espectáculo, organizado pelo Varazim Teatro, faz parte das iniciativas paralelas do Correntes d’Escritas que arranca, oficialmente, na quarta-feira, 23 de Fevereiro.

Sinopse:

“Não tenho medo de entrar nessa noite onde sou vista e não vejo – mãe, dá-me a mão, mãe – onde os meus olhos cantam como sereias – a noite do corpo, e que me guiem no baile, malditas – que me raptem e acordo com o anel, e regresso aos meus olhos, meia-noite, acordo com as mãos de um fidalgo, qualquer fidalgo, rei, reis aos meus pés tremem.” (Excerto de Bela Dona, de Pedro Eiras)

“Ela deve entrar no baile. Espreita, ouve, o zum zum das saias a esvoaçar. Prepara-se (para dançar, para conhecer a noite do corpo), para soltar os folhos.

Prepara-se “ duas gotas de beladona”.

Hipnotizada, descreve-nos o baile, o apocalipse (imaginário? Sonhado? ou vontade apenas, de domar o frémito do corpo?).

Entremos com ela, nessa noite escura, tacteando, guiados por esses olhos que parecem luminárias, lustres, e possamos também ver e cegar, pressentir, errar, cair, e voltar a levantar”.

Ficha Técnica: Autor: Pedro Eiras | Encenação: Renata Portas|  Música Original: Joaquim Pavão | Figurinos: Tucha Martins

Sobre Apalavrado 3:

“Cada palavra, qualquer palavra, a menor de todas as palavras, qualquer uma, é alavanca do mundo. Cada palavra, qualquer palavra, a menor de todas as palavras, qualquer uma, é a alavanca do mundo”. Valère Novarina

Apalavrado nasceu da fusão de algumas vontades, a saber:

Fazer trabalhos que nascessem de matéria teatral não-dramática; experimentar e estrear textos de dramaturgos contemporâneos portugueses, para criar cumplicidades, ter espectáculos portáteis, de modo a permitir digressão, trabalhar com novos actores.

Ao longo de um ano, estreamos textos de Carlos J. Pessoa, Luís Mestre, Pedro Eiras e Luis Maffei.

Desenvolvemos parcerias, estreamos em vários locais do grande Porto, provamos que a palavra é sopro e vida, alma feito corpo, e rompemos com o círculo que procura escamotear o passado do presente; Kafka, Borges e Virginia Woolf também por aqui passaram.

Durante 2011, o Apalavrado terá uma edição dos vários textos que compuseram o projecto, e uma mostra fotográfica.