Filipa Leal celebra com A Inexistência de Eva o seu quinto livro, terceiro a ser lançado pela Deriva. “Foi escrito há cinco anos”, explicou a autora “ e quando o reli pensei tratar-se de uma peça de rádio. Hoje, relido muitas vezes, ainda não sei de que se trata.” O certo é que ao longo destes cinco anos ele foi passando de mãos em mãos, os textos partilhados entre amigos e família. E foi da família que lhe chegou uma curiosa observação, mais concretamente por parte de uma tia que lhe disse ter escrito uma história de Adão e Eva mas sem Adão. Em A Inexistência de Eva “há uma voz que se repete, uma Eva antes e depois do Amor.” Há solidão, “a Eva a querer sair de Eva.” E há também a voz da tentação, tentação essa que Filipa Leal considera “nem sempre próxima do pecado”, antes está “na voz da consciência.”

Xavier Queipo, autor galego, biólogo de profissão, apresentou Ártico, editado pela Livrododia, e Dragona, pela Deriva. ‘Será que os livros são como as marés?’ é a pergunta com que se confronta o leitor de Ártico. Este livro, lançado em 1990 em galego, com edição em Portugal em 1993, foi agora reeditado e fala de histórias que desaparecem, fala do mar, da escrita que, como as ondas, vai e vem. Apresentando um género realista, certamente do agrado dos apaixonados pelos livros, Ártico reúne um conjunto de histórias nascidas da experiência de Xavier Queipo na Terra Nova, nos barcos de pesca de bacalhau. O mar e os livros são aqui o denominador comum.

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Dragona ‘custou’ 12 anos de trabalho. Se Ártico é resultado de uma experiência vivida no mar, este é resultado de uma experiência na cidade. A protagonista do livro, uma imigrante argentina, bissexual e de gostos profusos, “choca com uma sociedade em transformações culturais e de valores profundos”, como se pode ler na sinopse do livro.

Em ambos os livros, nota-se a formação científica de Xavier Queipo, através da sua escrita sintética, que, como o próprio explicou, se deve também ao facto de ser “um amante dos livros”. Nota-se também sua faceta multifacetada, pois experimenta sempre novas formas de escrever. “Estamos obrigados a experimentar”, explicou, “não me atrevo a repetir uma experiência.”

Hoje, durante a tarde, são apresentados os últimos cinco livros do programa do Correntes d’Escritas. Recorde-se que, no âmbito deste Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, que termina amanhã, foram já apresentados mais de 30 livros de autores de expressão ibérica.