Póvoa de Varzim, 12.02.2009 - Na Casa da Juventude, a tarde do segundo dia do Correntes d'Escritas foi marcada pela apresentação de cinco livros com a chancela da Quetzal: A Infância é um Território Desconhecido, de Helena Vasconcelos, A Oficina do tempo, de Álvaro Uribe, A Passageira, de Andrea Blanqué, Rakushisha, de Adriana Lisboa e Somos o Esquecimento que Seremos, do colombiano Héctor Abad Faciolince, e Ai, Amor!, de Ascêncio de Freitas, da editora Portugália, representada na sessão por José Ribeiro.
Numa breve apresentação do livro, Vergílio Alberto Vieira referiu-se a Ascêncio de Freitas como sendo um escritor contundente que “não escreve livros para adormecer leitores”. Trata-se de um romance “incómodo”, que “é atravessado pelo peso da tragédia eminente”. À procura da “mocidade perdida”, Florêncio Milagres regressa à Gafanha da Nazaré passados 30 anos de ausência, mas encontra um cenário de “pesadelo”.
O escritor angolano Ondjaki leu uma carta que enviou à brasileira Adriana Lisboa. Essa carta serviu de apresentação de Rakushisha, o quarto romance da jovem escritora. O livro tem como protagonistas Haruki e Celina que se conhecem no Rio de Janeiro e partem para uma descoberta do Japão e de si próprios, unidos pelas palavras do poeta Matsuo Bashô.
A Oficina do Tempo, de Álvaro Uribe, que recebeu o Prémio Antonin Artaud, é um livro que “é o relato de três gerações mexicanas”, através de uma “estrutura circular”, em que o princípio e o fim se unem, no primeiro capítulo, quando um adolescentes de 13 anos resolve viajar para o futuro através da fantasia. O autor disse que gostaria que tivesse tido uma forma diferente, idêntica à de uma bola.
Somos o Esquecimento que Seremos, de Héctor Abad Faciolince é a “reconstituição da vida de uma família feliz que termina numa tragédia, com o assassinato na capital da Colômbia do médico Héctor Abad Gómez, pai do autor do livro que leu ao público um soneto que o pai levava no bolso quando foi morto pelos paramilitares.
A Passageira, de Andrea Blanqué, finalista do Prémio Juan Carlos Onetti, autora uruguaia (que pela primeira vez é publicada em Portugal), é um romance centrado na vida de uma mulher de 40 anos, professora de Geografia, dividida entre “a família e o desejo de ir mais além”.
Em A Infância é um Território Desconhecido, Helena Vasconcelos “procura perceber a importância” de figuras do universo infantil “e o que revelam sobre os seus criadores. A autora coloca a questão de saber se se poderá “definir uma cultura, (…) uma civilização a partir da forma como são tratadas as crianças”.