Póvoa de Varzim, 03.03.2008 - No Arquivo Municipal, hoje foi dia de aprender a decifrar a escrita do foral dionisino.
Em duas sessões, a primeira às
10h30, com alunos da escola dos Sininhos, e a segunda às 14h30, com uma classe
da Escola Nova, a oficina pedagógica “Paleógrafo por um dia: o foral de 1308”
ensinou o que é um foral ou carta de foro e como ler a escrita da época, tão
diferente da actual.
Com recurso às novas
tecnologias, foi projectada a página 40 da chancelaria de D. Dinis, onde figura
cópia do texto do foral e foi a partir daqui que se partiu para a explicação do
que é uma carta de foro e de como os copistas recorriam a abreviaturas para
poderem facilitar o seu trabalho. Aos copistas podem também ser atribuídos
alguns erros de escrita, como é o caso da designação Vazarim de Jusaão, mais
adiante no texto corrigida para Varazim, a tinta mais escura, que permite
confirmar a correcção.
O foral original, lavrado em
pergaminho, foi feito em três cópias, uma que se destinava a ficar com o rei,
outra para o arquivo nacional, que hoje se encontra na Torre do Tombo, e uma
terceira que ficaria na posse da terra a que tinha sido concedido. A cópia da
Póvoa de Varzim desapareceu, só existindo a que se encontra guardada na Torre do
Tombo.
Para as crianças, o primeiro
contacto com a escrita em letra miúda e com pouco espaço entre as linhas faz
parecer difícil, se não mesmo impossível, decifrar o que está escrito no
documento de D. Dinis. Mas, pouco a pouco vai-se percebendo como se desenhavam
as letras, as diferenças entre palavras da época e essas mesmas palavras na
actualidade, como se assinalavam as abreviaturas – uma introdução, portanto, ao
trabalho de um paleógrafo. E assim começa o texto: “Em nome de Deus sabbam
quantos esta carta virem como eu Dom Deniz pela graça de Deus rey de Portugal e
Algarve (…)”. Aos alunos coube decifrar este extracto e depois, mais adiante,
ler também o nome de alguns dos habitantes do reguengo, a quem o rei atribuiu a
carta de foral e que aparecem mencionados, em alguns casos mesmo com as
respectivas alcunhas.
Todos queriam participar e mostrar como tinham aprendido, em pouco tempo, a
perceber as trabalhadas letras dos copistas do ano de 1308. No átrio do Arquivo
está a exposição “Varazim de 1308”, onde as crianças puderam depois, da sua
experiência como paleógrafas, ver documentos adicionais que explicam melhor a
dimensão do território da Póvoa de Varzim, na época de D. Dinis, bem como
outros documentos que ajudam a compreender melhor o contexto da outorga do
foral
Com esta actividade procurou-se
levar até aos mais novos uma parte tão importante da História do concelho e
manter vivo este testemunho da memória colectiva. As oficinas pedagógicas
“Paleógrafo por um dia: o foral de 1308” vão continuar até dia 14 deste mês.
Também para as crianças, terá ainda lugar, no dia 5, às 15h00, a sessão
pedagógica Artes & Ofícios, desta vez dedicada à profissão de arquivista,
que será orientada por Teresa Araújo, responsável pelo Arquivo Municipal.
Domingo, dia 9, dia em que foi concedido o foral, as crianças do Colégio de
Amorim farão a dramatização da entrega do documento, no Auditório Municipal, às
15h30. De 17 a 28 de Março, em sessões que se realizam às 9h30 e 17h00, no
Arquivo Municipal, haverá também oficinas lúdico-pedagógicas sobre o
foral.
O
programa completo destas comemorações foi apresentado publicamente no passado
dia 22 de Fevereiro e pode ser consultado aqui.