“A Arte como Comunicação” foi o tema escolhido pelo Director do Museu
Pio XII, Vigário Geral e professor da Universidade Católica para a sessão
inaugural deste curso, que decorreu no Arquivo Municipal, sexta-feira à noite, onde
foi também inaugurada uma exposição documental sobre a história da principal
igreja da Póvoa de Varzim, na qual se destaca o documento, de 1736, em que a
população da Póvoa pede a D. João V autorização para a construção da Igreja.

No seu já habitual estilo descontraído
e muito comunicativo, José Paulo Abreu recorreu a uma série de imagens da
igreja para explicar que todas as peças que se encontram num templo servem um
propósito comunicativo. Os elementos arquitectónicos, os lugares escolhidos
para a colocação de um santo, de uma imagem, de um altar, os próprios elementos
que constituem uma figura religiosa, tudo serve para fazer passar uma mensagem.
Nada é, portanto, deixado ao acaso. Há, segundo José Paulo Abreu, um motivo
profundo, subjacente à construção e colocação das peças numa igreja – a
existência de degraus para aceder ao trono eucarístico reforça ainda mais a
ideia de elevação e importância desse elemento; o véu que cobre o sacrário
destaca essa ideia de mistério; os elementos que aparecem em imagens como a de
São Miguel, que aparece a matar o demónio e com uma balança numa das mãos,
transmitem o seu carácter protector e, ao mesmo tempo, de avaliador do carácter
e das acções humanas. Alguns dos exemplos a que recorreu o académico numa
interessantíssima comunicação, que forneceu, com certeza, elementos para que se
passe a observar uma igreja e os vários elementos que a constituem de outra
forma, percebendo como estão ao serviço da transmissão de uma mensagem.

Presente nesta sessão inaugural, o
Vereador do Pelouro da Cultura,
Luís Diamantino,
sublinhou a importância deste curso de Arte, Arqueologia e História, que se
insere no conjunto de iniciativas didácticas, que complementam a actividade do
Museu Municipal. A colaboração entre o Museu, a Igreja Matriz e o Arquivo
Municipal foi essencial para pôr em marcha esta iniciativa, que lança o desafio
à população para que conheça melhor o património local.


O curso começa esta
quinta-feira, dia 22 e, até essa data, o Museu está ainda a aceitar inscrições.
Como o edifício se encontra em obras, as sessões terão lugar no Salão Paroquial
da Matriz, sempre às 21h30.

O programa do curso é constituído por seis sessões temáticas e por uma
visita guiada à igreja Matriz e à exposição documental do Arquivo, a terminar. A
primeira sessão tem lugar no dia 22 e é dirigida pela professora de História
Moderna, Amélia Polónia, que abordará as “Novas Perspectivas em História
Marítima. Redes de complementaridade inte-portuárias” e por Manuel Joaquim
Moreira da Rocha, professor de História da Arte, que apresentará a comunicação
“A Arquitectura Barroca no Noroeste Português – Propostas e Caminhos”.
No dia 29, há mais dois oradores:  José Manuel Flores Gomes, arqueólogo
municipal, que falará d´”O espaço da Matriz para além dos 250 anos” e Fernando
Faria, antropólogo, que escolheu o tema “Breve história da Póvoa de Varzim na
época moderna contada por quem lá esteve”. No dia 30 de Novembro, a sessão será
dividida por Frei Geraldo Coelho Dias, que abordará “A Construção das Igrejas e
a Devoção a Nossa Senhora”, e Deolinda Carneiro, directora do Museu Municipal,
com o tema “Imaginária da antiga e da “nova” igreja Matriz”.  O 4º Curso Livre de Arte, Arqueologia e
História termina no dia 1 de Dezembro com uma visita guiada à Igreja Matriz e à
exposição que se encontra no Arquivo Municipal, às 9h30, com a colaboração de Deolinda
Carneiro, José M. Flores Gomes e do Padre António Brandão Martins Torres.

Em 6 de Janeiro de 1757
sagrava-se a nova Igreja Matriz da Póvoa de Varzim, resultado do empenho de
toda a população, que via na edificação desta imponente Igreja um afirmar da
sua autonomia em relação aos poderosos concelhos vizinhos. As comemorações que
assinalam os 250 anos estenderam-se ao longo deste ano e este curso livre
pretende assinalar a efeméride, convidando um conjunto de especialistas que
abordarão, não apenas aspectos ligados propriamente à Igreja Matriz, mas ao
período da sua construção, à mentalidade e cultura da época, à arqueologia e
antropologia, bem como à religiosidade das gentes da Póvoa de ontem e de hoje.