Póvoa de Varzim, 15.03.2009 - "Preservar e Consumir – o Património e o Turismo" foi o tema que esteve na base do arranque das comemorações da Noite e Dia dos Museus, esta tarde, 15 de Maio, no Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.
Afonso
Oliveira, Vereador do Desenvolvimento Socioeconómico, deu início à sessão
exultando a “excelente qualidade dos palestrantes”, o Cónego José Paulo Abreu,
Presidente da Turel e Melchior Moreira, Presidente do Turismo do Porto e Norte
de Portugal, perante uma plateia composta, na sua larga maioria, por jovens estudantes
da Escola Secundária Rocha Peixoto, D. Afonso Sanches, de Vila do Conde, da
Escola Profissional de Esposende e ainda da Escola Agrícola de Rates.
Elogiando
“a sensibilidade que a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim revela nas questões
patrimoniais”, o Cónego José Paulo Abreu começou por explicar a evolução do conceito
de Património Cultural, que se foi alargando ao longo dos anos, mas que nunca
incluiu ou fez referência ao Património Religioso.
Fazendo
referências a monumentos como as basílicas, as catacumbas, as relíquias de
santos, as catedrais, entre outros, que são visitados pelos turistas, o Cónego
defendeu a importância do Turismo Religioso. “A fé é enorme e movimenta
multidões”, sublinhou, passando a identificar dois tipos de turista: aquele que
é turista – peregrino, ou seja, é mais motivado pelo interesse cultural do que
pelo interesse religioso e, no caso contrário, o peregrino – turista.
“O Turismo Religioso é um sector em forte expansão
a nível mundial”, continuou, “potenciado pela enorme facilidade com que hoje se
viaja e pela oferta de inúmeras possibilidades de excursão”. José Paulo Abreu
deu mesmo o exemplo da linha aérea lançada pelo Vaticano em Agosto de 2007 que
tem como destino alguns dos sítios religiosos mais importantes e repetiu que
“entre 300 a
330 milhões de pessoas visitam locais religiosos em todo o mundo”, com as
receitas a rondar os 18 mil milhões de euros.
“O Norte
de Portugal tem um potencial enorme no que respeita ao Turismo Religioso”,
defendeu, elogiando, por exemplo, os locais, eventos e monumentos religiosos da
Póvoa de Varzim, como a procissão da Sexta-Feira Santa que por si só “exibe um
património religioso invejável”, as Festas em honra de S. Pedro,
ou até S. Pedro de Rates.
Em
Portugal, estima-se que 75% de todo o património conhecido seja Património
Cultural Religioso, uma estimativa que espelha bem a importância que este tem
no Turismo e Património Português.
Aproveitando
a presença de Melchior Moreira, o Cónego finalizou a sua apresentação elogiando
a estrutura da recém-criada Turismo do Porto e Norte de Portugal E.R., “que
incluiu um sector onde o Turismo Religioso fica inserido, algo que nunca aconteceu”,
e deixando um pedido: “era bom que o nosso património tivesse guias
qualificados, como acontece noutros países. Valeria a pena pensar nisso. Aqui
em Portugal é um caminho aberto”.
Melchior
Moreira não deixou de concordar com o Cónego, dizendo que “nós temos que
informar e formar em termos de qualidade. E temos que ter gente que informe com
qualidade”. E comprometeu-se a abrir uma bolsa de oferta em termos de formação
para esta área, em escolas profissionais e de hotelaria.
Sobre “O papel dos Museus na oferta
turístico-cultural do Norte de Portugal”, o tema que o levou ao Museu
Municipal, o Presidente da Turismo Porto e Norte de Portugal defendeu a necessidade
de “dilatar o conceito de museologia para fora das paredes dos museus, tendo em
consideração que a identificação e compressão das peças expostas estão
intimamente relacionadas com o património imóvel, imaterial e natural que se
encontra no seu exterior”. Analisando o diálogo entre Museus e Turismo,
“realidades que comungam, em primeira análise, com o facto de resultarem de
viagens”, Melchior Moreira apelida de interessante “o modo como o Turismo
valoriza os museus como locais impregnados de autenticidade, na tentativa de
‘des’normalizar a oferta, num mundo cada vez mais igual”. Assumindo os museus
“um papel primordial na interpretação e comunicação do património cultural”,
para a Turismo do Porto e Norte de Portugal o visitante será, cada vez mais,
“um convidado/participante que irá interagir com o que vê. É intrínseco ao
património cultural despertar a vontade de ser fruído como uma autêntica experiência
estética”. A finalizar, Melchior Moreira partilhou com os presentes a ideia de
que para que o “Turismo mais humano se torne realidade” é necessário que a
promoção do Turismo Cultural “assente em séria reflexão interpretativa a partir
de uma base Museológica”.
No
final, após um breve espaço de debate, Afonso Oliveira anunciou que será
sorteado, no âmbito do Dia e Noite dos Museus, um fim-de-semana numa Pousada de
Portugal entre os visitantes do Museu Municipal. “É uma boa altura para virem
ao Museu e virem ao Turismo”, desafiou.
O
programa do Dia dos Museus continua amanhã com a inauguração das exposições “O
Museu no Turismo”, no Posto de Turismo, e “O Turismo no Museu”, no Museu Municipal,
às 15h00. Aproveite que nesse dia a entrada é gratuita, e que o Museu só fecha
às 24h00, para visitar a Feira de Artes, que vai estar patente até dia 18.
Às 16h00 dos dias 16, 17 e 18 é a vez do teatro,
com uma sessão de marionetas intitulada “O Homem que falou com os peixes”, que
vai buscar a sua inspiração aos costumes poveiros, pela Companhia de Teatro e
Marionetas de Mandrágora. A música
marca presença também nos três dias. Assim, sábado, dia 16, tem início às 15h30 um concerto de Guitarra. No dia 17,
domingo, Jazz e Música Contemporânea são os sons que vão ecoar no Museu
Municipal de Etnografia e História a partir das 19h30. Por último, e no
encerramento da Noite e Dia dos Museus, no dia 18, os alunos da Escola de
Música tomam parte de uma Audição da classe de guitarra e trompete, às 17h30.