No dia 31 de Maio, comemorou-se, por iniciativa da Biblioteca Municipal e da NAPESMATE (Núcleo dos Amigos dos Pescadores de Matosinhos), o Dia do Pescador.
Depois de uma visita aos monumentos relacionados com a actividade, o grupo de pescadores reuniu-se no Auditório Municipal para uma sessão pública com José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Almirante José Bastos Saldanha, da Sociedade de Geografia de Lisboa, Álvaro Garrido, director do Museu Marítimo de Ílhavo, António Parada, Presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos e Fernando Rocha, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos e Manuel Lopes, antigo pescador.
O representante da Sociedade de Geografia de Lisboa frisou a importância da criação de um “portal do mar” onde qualquer cidadão possa obter informações relacionadas com o tema pois, neste momento, não há qualquer lugar, físico ou virtual, onde as pessoas o possam fazer.
Álvaro Garrido, especialista no estudo da pesca do bacalhau, explicou que esta actividade, conhecida como faina maior, teve grande relevância até 1974. No século XIX, este sector levou quase 20.000 homens à Gronelândia, sendo que 10,5% dos pescadores no activo eram oriundos das Caxinas. Para preservar este património imaterial – testemunhos orais – o Museu de Ílhavo está a entrevistar 300 pescadores para recolher dados sobre a actividade.
A intervenção mais emocionada e pessoal da tarde pertenceu a Manuel Lopes, pescador dos 12 aos 20 anos, fazendo, posteriormente, carreira na Marinha. Este antigo pescador recordou a sua curta infância pela necessidade de trabalho e acrescentou que, se houver uma próxima reencarnação, gostava de viver a mesma vida, sempre ligada ao mar.
A cidade de Matosinhos foi representada pelo seu Presidente da Junta de Freguesia, que sublinhou o momento de crise grave que o sector atravessa e da necessidade de uma reflexão urgente e da tomada de medidas para recuperar a pesca nacional. Já o Vereador da Cultura de Matosinhos afirmou que, quem contacta com a comunidade piscatória não lhe consegue ficar indiferente e fica, para sempre, ancorado a ela e aos seus problemas. Não faltaram elogios à organização deste evento que considerou muito importante pela interacção de comunidades ribeirinhas.
José Macedo Vieira mencionou o convívio fraterno que se fez sentir ao longo do dia e explicou que o mar reclama hoje uma nova atenção. Os três oceanos correspondem a mais de 90% do volume total de água do Planeta Terra e calcula-se que a sua área seja de 361.740.000 km2, 70,92% da superfície total. Tanto mar e tanta potencialidade pode e deve ser aproveitada para diversos sectores, incluindo o turismo, área à qual a autarquia está especialmente atenta.