Maestro e jornalista
estiveram na Póvoa de Varzim para apresentarem as suas mais recentes obras Ao Princípio era Eu e Dama de Espadas, respectivamente,
autobiografia e romance, publicadas pelo Clube do Autor.

A boa
disposição e sentido de humor deste duo de escritores foram o expoente da
sessão que contou ainda com a declamação de poemas por Aurelino Costa.

Enquanto
apresentador do livro de António Victorino D’Almeida, Mário Zambujal afirmou
que Ao Princípio era Eu “é uma caixa
de bombons que se vai saboreando e apetece comer até ao fim”. E o jornalista
justifica esta analogia dizendo que se trata de um livro que dá prazer ler,
onde forma e conteúdo se conciliam na narração de histórias da sua infância que
faz passar com uma clareza, pureza e respeito pelo idioma extraordinárias.
“Fico fascinado com o que ele escreve”, acrescentou, referindo-se à limpidez da
prosa de Victorino D’Almeida.

Mário
Zambujal confessou ser fã do maestro porque “ele teve um feliz princípio de
vida, nasceu na cultura, na musicalidade” e marca uma época da vida portuguesa
no seio de uma classe culta e com enorme prazer de saborear a vida. “É um pouco
vítima da pluralidade dos seus talentos porque toda a gente diz «maestro» mas
ele é também um excelente escritor e fica na sombra o mérito de grande prosador”,
declarou, assumindo que a sua admiração por Victorino D’Almeida é como “senhor
da música e senhor da escrita”.

Sobre a
obra de Mário Zambujal, Victorino D’Almeida referiu-se ao Realismo, ou até
Neo-Realismo, da sua escrita apresentando-nos histórias reais. “É um escritor
do quotidiano”, acrescentou, que nos fala de situações do dia-a-dia em que se
destacam as personagens que “são figuras da nossa vida, somos nós, vítimas das
figuras dos seus livros”. Quanto à forma, Dama
de Espadas “
tem o tamanho certo, tem o sentido rítmico de Mário Zambujal”,
assegurou o maestro que considera que “o sentido rítmico é fundamentalmente
musical” e “o escritor que sente o ritmo e a importância do timbre das palavras
é alguém que percebe de música”.

A
propósito da musicalidade da escrita, Mário Zambujal revelou que “sou um
analfabeto musical mas tenho o sentido dos sons da leitura e da escrita”.

Música e literatura fundiram-se ao som das notas
musicais do Maestro e da voz de Aurelino Costa. O poeta e diseur poveiro declamou alguns poemas de José Régio sobre o mar
recordando que se celebrava o Dia Nacional do Mar e que o Diana Bar era um
espaço de eleição do escritor vilacondense.