Esta sessão foi marcada em solidariedade com Ciudad Juárez, que representa todo o povo mexicano e se estende a qualquer outro lugar do planeta onde o medo, consequência última da violência, seja usado para impor a vontade e os interesses dos grupos de poder sobre os direitos e a dignidade dos povos e dos cidadãos. Este apelo foi lançando pelo coletivo “Escritores por Ciudad Juárez” e as respostas foram chegando de todo o lado.

Na Póvoa de Varzim participarão: Alberto Serra, Eduardo Faria (Varazim Teatro), Inês Botelho, Ivo Machado, Joana de Sousa (Varazim Teatro), Joana Soares (Varazim Teatro), Miguel Miranda, Paulo Lemos (Varazim Teatro), Valter Hugo Mãe. Aurelino Costa, João Manuel Ribeiro, Manuel Rui, Rui Zink, Salgado Maranhão, na impossibilidade de estarem presentes, enviaram textos.

Foi entretanto criado um blogue onde estão a ser publicados todos os textos que vão sendo enviados relacionados com o conflito de que padece Ciudad Juárez e que podem ser lidos durante as sessões: www.escritoresporciudadjuarez.blogspot.com e ainda outro:  www.poemasporciudadjuarez.blogspot.com

 

Para melhor compreender o que levou um grupo de jovens artistas a apelar à realização destas sessões de leituras e o que levou a que muitos tivessem respondido ao apelo, remetemos para o texto divulgado pelo Uberto Stabile, um dos principais impulsionadores da iniciativa na Europa, conhecedor da realidade mexicana: “Durante o período legislativo que agora termina no México, sob a presidência de Filipe Calderón, foram brutalmente assassinados cerca de 60 mil seres humanos. Ícone deste barbárie, conhecida e até consentida, é na fronteira mexicana, no meio do deserto, Ciudad Juárez, mundial e tristemente conhecida pelos feminicídios e pela impunidade que os rodeia. A guerra escondida entre grupos de narcotraficantes e os grupos de poder que os encobrem, de um e do outro lado da fronteira, estão na origem destas atrocidades, autênticos crimes contra a humanidade, que recusamos a aceitar e que nem o pior dos terrores nos obrigará a calar. A impunidade de todo o crime é alimentada pelo esquecimento, pelo silêncio, pela corrupção e pela desmobilização dos cidadãos.

Por isso, em setembro de 2011, um grupo de jovens ativistas e escritores decidiram sair à rua, com o lema “Escritores por Ciudad Juárez”, desafiando as organizações criminosas e todos os que as encobrem, para manifestar-se abertamente e de cara descoberta, reclamando para o povo de Juárez, a paz e a recuperação dos espaços públicos, em favor da convivência e da liberdade. Eram um simples punhado de jovens artistas, que, movidos pelo assassinato de uma jovem poetisa e ativista, Susana Chávez, e sem outros apoios a não ser a sua própria vontade e coragem, nos contagiaram e nos fizeram apoiar a sua iniciativa.”