E como se os olhos do fotógrafo tivessem andado, como aves predadoras, sobre a espuma das genes e das coisas e, de repente, lhes mergulhassem nas essências em voos picados e fulminantes para lhes arrebatar as almas.” Carlos Pinto Coelho descreve, desta forma, no prefácio do álbum da exposição, a exposição fotográfica de Luis de Almeida.

O fotógrafo apresentou, ontem a tarde, a exposição “Moçambique de hoje”, na Biblioteca Municipal. Nascido no Porto, onde ainda hoje mora e é docente, Luis de Almeida tem, nos últimos quatro anos, desenvolvido projectos fotográficos recolhendo imagens um pouco por todo o mundo. A sua paixão por Moçambique surgiu nos anos 70 e levou a que o fotógrafo viajasse por todo o país em busca de imagens que retratam o país africano.

Moçambique de Hoje é um retrato enamorado desse país. O álbum que reúne 154 imagens, com prefácio de Carlos Pinto Coelho, é dedicado a todos aqueles que estão ligados a Moçambique. A exposição, que estará na Biblioteca Municipal até 15 de Março, é a selecção de doze dessas imagens.

Na inauguração de ontem, Luís Diamantino referiu que estas imagens não em tempo, “são de ontem, hoje e amanhã”. O vereador do Pelouro da Cultura afirmou que a exposição traz-nos Africa em todo o seu esplendor.

Mia Couto interveio na inauguração para parabenizar Luís de Almeida pelo trabalho concretizado. O escritor moçambicano chamou a atenção para uma imagem em particular. Uma mulher, carregando um peso talvez superior ao dela própria, com as unhas dos pés pintadas de cor-de-rosa. Mia Couto explicou que este era o retrato não só da pobreza, mas da beleza e da vaidade das mulheres moçambicanas.