José
Relvas foi um dos principais dirigentes do Partido Republicano Português, entre
1907 e 1910, e teve intervenção decisiva na implantação e consolidação da
República, entre 1910 e 1914. Empresário agrícola em Alpiarça, nascido em 1858
na Golegã, ali construiu uma sólida liderança regional dos agricultores, que
projectou ao resto do país.

E para
ali atraiu também, a uma casa concebida expressamente para esse efeito – Casa
dos Patudos, da autoria do arquitecto Raul Lino –, um grupo de amigos artistas
e uma notável colecção de pintura, escultura e artes decorativas.

A Assembleia da República prestou-lhe
homenagem em 2008 com a exposição José Relvas, o
conspirador contemplativo
, que ilustrava as diferentes facetas de José
Relvas e do seu percurso político até 1914. A exposição reflectia
o trajecto singular do dirigente associativo e político, o conspirador, e do
homem de grande sensibilidade e gosto artísticos, o contemplativo. Para além
disso, eram também notórias as paixões deste homem de aparência grave e
reservada que, sobre uma administração agrícola exigente e bem sucedida, amava
a música e escrevia sobre temas de economia e finanças, cultivava amigos
pintores, literatos e músicos e metia ombros ao derrube de um regime secular, liderava
movimentos de protesto de produtores de vinho. José Relvas reuniu, também, uma
invulgar colecção de obras de arte. Sentia-se parte da paisagem de terras
inundáveis, pastos e campinos do Ribatejo e movia-se com à vontade nos Museus e
Embaixadas da Europa.

Esta é a segunda de um ciclo de conferências que o
Arquivo Municipal organiza no âmbito das Comemorações do Centenário da
Implantação da República, sendo que a última terá lugar a 9 de Dezembro, com
José Augusto de Sotto Mayor Pizarro. Estão ainda previstas conferências a 21 de
Outubro e 4 de Novembro com Gaspar Martins Pereira e Maranhão Peixoto,
respectivamente.