“O Presente do Passado” é o título do desfile dos 26 Vestidos de Chita, com os seus estampados garridos e adornados com os folhos, as pregas, os bordados, as cornucópias… Tecido ligado essencialmente ao vestuário do sexo feminino, a chita vai ser também o mote para o desfile de seis fatos masculinos feitos de cotim, pontuados, aqui e ali, pelo uso da chita.

Maria José Vale, coordenadora do evento, promove estes desfiles desde há 11 anos, com o objectivo de homenagear o colorido tecido. A participação na Feira do Livro pretende “desenvolver um encontro entre gerações, reinterpretando o tecido de chita em modelos dos anos 50/60 de forma a atrair as camadas mais jovens, mas, ao mesmo tempo, sensibilizando-as para o significado que a chita teve no passado dos seus pais e avós”, resume Maria José Vale.
A chita caracteriza-se por ser um tecido de algodão, estampado com várias cores. Usado desde a Antiguidade, estes tecidos eram, inicialmente, pintados à mão, processo depois ultrapassado pela impressão a cera (espalhava-se a cera fundida sobre o tecido no qual se traçam os desenhos; depois mergulha-se o tecido num banho de tinta e esta cobre as áreas não cobertas de cera). Hoje em dia, a mecanização roubou o espaço à produção artesanal, sendo que, nas palavras de Maria José Vale “já é muito difícil encontrar chita”.
Alegre, multicolor e versátil são adjectivos que definem, e bem, a chita. Definem também a própria Feira do Livro que mostra, mais um vez, ser um espaço aberto a actividades diversas, sendo que com este desfile honra um costume que, infelizmente, corre o risco de se perder.
Horas antes, às 17h00, Ana Paula Tavares, Filomena Marona Beja, Luís Carlos Patraquim e Sérgio Luís de Carvalho passam pela Feira do Livro para uma sessão de autógrafos.