Mas o que não passa são as histórias de quem tem que viver no pesadelo permanente de um país e de uma capital em escombros, onde o mero acto de sair à rua, de ficar parado por alguns minutos, de exibir uma barba mais suspeita ou mesmo de pronunciar uma palavra em inglês pode significar a diferença entre a vida e a morte. E é neste cenário esquizofrénico e povoado pelo medo e pela falta de esperança que vivem os jovens da banda heavy metal Acrassicauda ( o escorpião negro, o mais perigoso dos escorpiões). Jovens com sonhos como quaisquer outros, numa outra qualquer parte do planeta, e que a única coisa que querem é viver da sua música, alheios a guerras e a problemas religiosos.

A história dos Acrassicauda desde 2003, antes da queda de Saddam Hussein até aos nossos dias, inspirou Eddy Moretti e Suroosh Alvi, que seguiram os diferentes percursos de vida dos membros da banda, entre Bagdad e a fuga para a Síria, e os sues últimos esforços para conseguir levar a sua música a outras partes do mundo. O resultado foi “Heavy Metal in Baghdad”, o videodocumentário escolhido para abrir ontem a segunda edição do vimus, Festival Internacional de Vídeo Musical.

O Festival começou no Diana Bar, transformado em sala de estar, cheio de confortáveis sofás e que vai ser, até dia 7, o espaço de referência deste evento. Na abertura e antes da projecção de “Heavy Metal in Baghdad”, o vereador do Pelouro da Cultura, congratulou-se, uma vez mais, pela iniciativa de jovens poveiros, que a Câmara Municipal apoia e cuja qualidade e carácter inovador reconhece. Neste aspecto, Luís Diamantino lembrou mesmo que nos nichos de mercado cultural, a Póvoa de Varzim tem lições a dar.

O ViMus entra hoje no seu segundo dia com o seguinte programa:

DIANA BAR

16h00 – Videodocumentário (Comp. Internacional) “Introspective”
17h30 – Videodocumentário (Comp. Internacional) “Rockin’ Brooklyn”
19h00 – Videodocumentário (Comp. Internacional e Nacional) “Os Três de Portugal” + “Camané- as gravações de ‘Sempre de mim’”
21h30 – Videoclipes Competição Nacional 1
22h30 – Videodocumentário (Comp. Internacional) “Dub Echoes”
00h00 – Videodocumentário (Comp. Nacional) “É Dreda Ser Angolano”

NOX
22h00 – Videoclipes Competição Internacional 1
23h00 – Freedom Now “Yohimbe Brothers”
24h00 – Videoclipes Competição Internacional 5

PLASTIC
22h00 – Panorama Nacional 1 + Panorama Nacional 2
23h00 – Videoclipes Competição Nacional 1
00h00 – Videoclipes Competição Internacional 3

BRISA
22h00 – Videoclipes Competição Nacional 1
23h00 – Videoclipes Competição Nacional 2
24h00 – Videoclipes Competição Internacional 2

GUIMA’S
22H00 – Videoclipes Competição Internacional 6
23H00 – Videoclipes Competição Internacional 4
24H00 – Videoclipes Competição Internacional 3

DALI DAKI

22h00 – Videoclipes Competição Internacional 4

23h00 – Videoclipes Competição Internacional 5

24h00 – Videoclipes Competição Internacional 2

Vimus 2008_01 Vimus 2008_02

Mais do que um festival de vídeos musicais, o ViMus é também uma mostra de tendências e de novas realidades, que transparecem em obras como as que este ano vão ser apresentadas e que permitem perceber, por exemplo, o papel e a força da música em países como Angola

( “É Dreda ser Angolano”, e “Kuduro – Fogo no Musseke”), a música como forma de libertação e resistência política na Bielorrússia ( “Music Partisans”), e o surgimento de bandas rock e pop no Irão (“Sounds of Silence”) e no Iraque (“Heavy Metal in Baghdad”).

Na vertente competitiva há prémios para o melhor videodocumentário nacional e internacional e para o melhor videoclip nacional e internacional. O júri é composto por Inês Nadais, jornalista do Público, nas áreas de música e cinema, Rui de Brito, fundador da Subfilmes Creative Network e produtor de magazines de televisão e videoclips, e Stephane Jourdain, produtor e cineasta, na área da música.

O ViMus decorre de 4 a 7 de Setembro, em bares e cafés da cidade e é uma organização da Associação Octopus, com o apoio da Câmara Municipal e do Turismo de Portugal.