Álvaro Rodrigues, da Faculdade de Engenharia, abordou
a produção de energia eólica, Luís Lopes Santos, da Edp, teve a seu cargo a
energia hídrica e Rui Barros, da empresa enersis,
falou  da energia das ondas.

Perante uma plateia praticamente
completa com alunos de outras escolas, inclusive de Vila do Conde, a
conferência começou com a energia eólica e a intervenção de Álvaro Rodrigues
que sublinhou, antes de mais, a importância do conhecimento fundamentado para
que não se continuem a disseminar informações superficiais e pouco correctas,
no que toca à produção de energia com recurso a fontes amigas do ambiente.
Conceitos tão utilizados como energias renováveis e alternativas, que o
académico fez questão de clarificar, porque, segundo ele, nem sempre, uma
energia renovável pode ser considerada alternativa, da mesma forma que uma
energia pode ser alternativa, mas não renovável.

Na sua intervenção, Álvaro Rodrigues
apresentou a situação actual de um mundo dividido entre norte e sul, no que
toca aos padrões de desenvolvimento e de consumo de energia, abordando a
questão que urge resolver: até quando podemos continuar a depender dos
combustíveis fósseis e a que preço? Preço social, ambiental, económico,
político. Na procura de satisfazer as necessidades actuais de energia do
planeta sem comprometer o futuro das gerações vindouras, uma das soluções é o
recurso à força do vento, enquanto fonte geradora de energia. Em Portugal tem
vindo a crescer, de forma contínua, a produção de energia por este meio, o que
coloca o nosso país no sétimo lugar entre os países europeus – para Álvaro
Rodrigues, uma boa posição se se tiver em conta a dimensão de Portugal por
comparação com países muito maiores.

Até 2010, segundo directivas
comunitárias, Portugal deverá ser capaz de garantir que 39 por cento da
electricidade consumida provém de fontes renováveis de energia. Recentemente, o
governo elevou para 45 por cento esta meta, que, para o conferencista, é
ambiciosa, mas que deverá tentar-se alcançar. As energias ditas “limpas”
representam, no entanto, um grande investimento para que possam ser produzidas.
Um único aerogerador chega a custar 7 milhões de euros e há que ter também em
conta os custos da sua instalação e que não são pequenos, uma vez que estes
aparelhos de produção de energia eólica são de proporções gigantescas e têm que
ser colocados em locais de alguma altitude e difícil acesso.

Actualmente, o país ainda depende
muito da produção de energia eléctrica a partir dos recursos hídricos. Uma
forma de produzir energia que é dominada há mais de um século, de fácil acesso
e de elevado valor funcional. Como explicou Luís Lopes Santos, a central mais
antiga em território nacional data de 1906 e continua a funcionar em pleno. De
acordo com este técnico, esta é uma fonte de energia preferencial porque a água
dos rios é de fácil acesso, sendo esta uma fonte de energia grande rendimento e
elevado valor funcional, o que significa que bruscas variações na entrada de
energia na rede podem ser rapidamente solucionadas. As barragens têm, no
entanto, um grande impacto ambiental e este tem sempre de se ter em conta antes
da sua construção. Na sua exposição, Luís Lopes Santos apresentou imagens de
várias barragens portuguesas, explicando as diferentes formas de funcionamento
de cada uma.

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Quanto à energia produzida a partir da
força das ondas, representa um sonho antigo e que deu origem, desde os anos 80,
à concepção de mais de duas dezenas de equipamentos capazes de a aproveitar.
Mas, como explicou Rui Barros, cuja empresa está ligada à instalação de um
parque de ondas ao largo de Aguçadoura, o problema é que o mar é um local onde não
é fácil trabalhar, o que tem dificultado a implementação dos equipamentos.
Sendo a força das ondas o recurso mais denso de todos os recursos naturais, tal
implica sistemas de conversão menos extensivos, logo menores danos para o
ambiente, o que para Rui Barros, significa que a obtenção de energia a partir
deste recurso natural é uma solução de futuro. Sobretudo em Portugal, uma faixa
de terra ao longo do mar e em que as populações do litoral se encontram perto
do mar, o que elimina a necessidade de transportar a energia a grandes
distâncias, a partir do seu ponto de produção.

A obtenção de energia a partir das
ondas continua a não ser fácil. Ideias não faltam para a sua captação e
transformação e Rui Barros deu vários exemplos, que explicou: o “wave dragon”,
os absorvedores pontuais, a jangada de McCabe, o AWS, que em 2004, e por poucos
meses, esteve ao largo de Aguçadoura (sistema submarino) e o actual Pelamis,
uma espécie de “cobra” flutuante, que aproveita a energia à superfície do mar.
Há dois anos que em Peniche se constroem as três máquinas, que estão agora em
Leixões e que deverão ser instaladas ao largo da freguesia poveira. A
subestação já está construída em terra, mas o projecto aguarda melhores dias.

Os
temas abordados esta manhã são extremamente actuais e há que dar nota positiva
ao excelente comportamento da plateia, interessada e atenta, e à organização
dos alunos da turma 12º F da Escola Secundária Eça de Queirós, da Área de
Projecto, que reuniram um bom painel de oradores, escolheram um assunto de
grande interesse e acolheram de forma muito simpática quem se deslocou ao
Auditório.