Santos Graça foi recordado pelo Vereador do Pelouro da Cultura que o definiu como um homem de saber eclético que se mantém presente nas mais diversas manifestações etnográficas, literárias e culturais e demonstrou a intenção do executivo camarário em prestar-lhe homenagem visto que se trata de uma personagem poveira que merece um reconhecimento distinto por parte da sua comunidade. Referiu ainda que este assunto já teria sido discutido com o falecido Manuel Lopes, também ele um ‘Homem da Cultura’. No entanto, tal só será anunciado quando estiver devidamente pensado.

O presidente da Câmara Municipal já manifestou, aliás que Santos Graça “foi um grande poveiro” e merece uma “homenagem consentânea com o seu pensamento” e, por isso, recusa a ideia da Póvoa recordar o etnógrafo através de uma “mera escultura banal, no sentido de uma ‘estatuazinha'”. Macedo Vieira considera que António Santos Graça foi “um homem de grande visão” e, como tal, a escolha do escultor tem de ser feita com ponderação. A intemporalidade cultural desta figura emblemática deve ser transmitida pela obra de arte, logo o executor do trabalho artístico “tem de ser alguém capaz de captar esta ideia fundamental: queremos homenagear uma grande personalidade da Póvoa que foi um homem do seu tempo, mas que pelas suas qualidades, seria também um homem deste tempo”.

Maria Isaura dos Santos Maia, na retrospectiva histórica apresentada em torno da questão do sentimento de pertença colectivo entre caxineiros e fabiteiros, recorda a figura empreendedora de António Ferreira Vila Cova que “mobilizou um conjunto de instrumentos identitários, tornando as Caxinas ‘mais caxineira'”. A conferencista encontra na trajectória de vida deste homem algumas similitudes a António Santos Graça, ressalvando, no entanto, a erudição e repercussões com dimensão diferente. Ambos, figuras que merecem ser distinguidos nas duas cidades vizinhas.

Apesar de questões político-partidárias terem impedido, desde o séc. XVIII, a concessão da Poça da Barca à Póvoa de Varzim, é visível a existência de dispositivos reveladores de vínculos que ainda unem caxineiros e fabiteiros à Póvoa de Varzim, nomeadamente as Festas de São Pedro e o Futebol. De acordo com os dados recolhidos pela investigadora, a comemoração do São Pedro adquire um significado especial nas artérias mais antigas da Poça da Barca e existe, nesta zona, um número considerável de adeptos do Varzim Sport Clube.