“Não há luz neste quarto nem neste pequeno livro: são escritos que apresentam uma carga escurecida, ébria, delirante.

Apesar de vislumbres de raios de sol, onde passou algum tempo da sua vida – no Sul de Espanha, a maioria dos textos remete-nos para atmosferas de dor, de dúvida, de dívida para com a sua mente. O amor e o sexo entram em linhas com rumos diferentes. Os gritos mudos de perturbações lúcidas acompanham estrofes e orações que jamais so­nharam merecer compreensão – a não ser de quem as sente.

Mais do que textos, são pautas para sinfonias tocadas a sós.

Não há luz que ilumine sorrisos. Não há luz que permita deixar entrar na sua condição. Apenas registos que são janelas fechadas. Apenas gavetas com vivências armazenadas.

Não há luz neste quarto é de difícil digestão e, como tal, deve ser lido deitado ou sentado, embriagado ou não, sem complexos de não poder entender a sua própria complexidade”.

 

Helga Lima nasceu na cidade de Braga, em 1978. Desde que aprendeu a escrever que começou a compor poesia, passando para outros registos literários, já mais tarde.

Na escola básica que frequentou, viu o seu primeiro poema ser exposto – era um conjunto de estrofes dedicadas à sua professora.

Teve uma infância recheada de livros, pois a sua mãe sempre lhe incutiu o gosto pela leitura. No entanto, a sua adolescência e entrada na idade adulta ficaram marcadas por desvios e fugas do que se apelida de convencional.

Mais tarde, estudou Línguas e Literaturas Europeias na Universidade do Minho, pois algumas das suas paixões continuavam a ser a Literatura e a Linguística.

Considera que escrever é um tormento, uma catarse. Porém, uma grande parte dos seus textos produzidos entre os seus 15 e 28 anos de idade foram destruídos, num ato de “libertação”, uma vez que sentia que jamais poderia partilhar tais escritos com alguém. Hoje em dia escreve nos seus momentos mais “depressivos, em quase delírio”, apesar de não gostar desse cliché.

A par da escrita, realiza traduções e legendagens para um canal de televisão e para outras empresas de traduções, e dedica-se, igualmente, a variados projetos pessoais, em áreas bastantes dispares.